Não há dúvidas que as tensões fazem parte da relação entre países e nações. As forças da globalização, levadas adiante pelo império dos EUA tentando impor sua hegemonia, aceleram a desestruturação em todas as partes do mundo produzindo toda uma instabilidade facilmente perceptível nos últimos tempos. Os países isolados não tem opções de defender seus próprios interesses de desenvolvimento interno e soberano. Diante disso, a regionalização deve crescer, fortalecendo laços entre países para o crescimento mútuo, fazendo frente à avassaladora máquina de guerra que não é somente militar mas também ideológica, econômica e cultural.

A Unasul é uma iniciativa de regionalização que tem crescido na defesa de uma soberania compartida entre as nações da América ao “sul dos EUA”. Os governos progressistas da região tem dado um enorme impulso para seu fortalecimento, porém é uma iniciativa recente que necessita criar diversos orgõaos multilaterais que funcionem realmente. E isso leva tempo. A boa notícia é que está sendo feito e, recentemente, na sensível área militar a Unasul deu mais um passo nessa direção, criando a Escola Sul Americana de Defesa (Esude), no último dia 17/04, com sede em Quito, Equador.

A Esude foi criada para ser “um centro de altos estudos do Conselho de Defesa Sul-americano (CDS), de articulação das iniciativas nacionais dos Estados Membros, formação e capacitação de civis e militares em matéria de defesa e segurança regional de nivel político-estratégico.”

A importância deste espaço é justamente procurar um caminho alternativo à formação que os EUA promovem há décadas nos exércitos dos países da região. A ação da Esude abrange quatro eixos de ação que conduzirão os estudos: 1) geração de estratégias focadas na construção da ciberpaz sobre a base de uma ciberdefesa de proteção contra espionagem, 2) consolidação de politicas de defesa, 3) cooperação militar, ações humanitárias e operações de paz; 4) desenvolvimento da indústria de defesa na região, bem como a capacitação para garanti-la.

Ao analisar estes eixos, apoiamos tudo que se refere à paz, no entanto, não deixamos de alertar que a indústria “de defesa” da região é uma enorme consumidora de recursos. Que poderiam e deverim estar mais direcionados ao desenvolvimento do bem estar das populações nesta região extremamente carente de atendimento de saúde, acesso à educação, moradia e alimentação básica, entre tantas outros direitos não assegurados pelas maiorias.

Ainda assim, na medida em que os países trabalhem juntos e cresça a confiança e o acordo entre eles, não haverá necessidade de “corridas armamentistas” entre os países, que só fazem sugar mais recursos, enriquecendo o complexo militar em detrimento do conjunto da sociedade.

Outro tanto deve ser feito não apenas para que se garanta a paz na região mas também que seja reduzida a exportação de armas para outras regiões. Senão estamos diante de uma contradição na origem: como a paz será garantida se aumentarem as armas disponíveis em outras regiões, as mesmas armas que eventualmente podem ser apontadas para o interior da Unasul que responderia com aumento de suas própria arma numa espiral crescente que é o que assistimos hoje e há tempo demais.

Mas temos motivos para celebrar, quando houverem tensões entre as nações da Unasul há um espaço de diálogo que deve ser fortalecido. Já que a impossibilidade de diálogo leva a conflitos. Será que um dia os EUA podem se interessar em dialogar de verdade e parar de fomentar guerras pelo mundo todo? É preciso que outras regiões deem o exemplo com firmeza e determinação.

*com informações do Portal Carta Maior