As conferências da ONU sobre meio ambiente tem sido arenas de grandes embates, com direito a situações inesperadas. Anfitriã do último evento, a Polônia protagonizou um episódio bizarro, ao demitir seu Ministro do Meio Ambiente, em plena conferência. Ele, no entanto, seguiu como chefe da delegação do país, mas sem o respaldo político interno. Grande usuária de carvão como energia, um dos mais poluentes combustíveis, a Polônia organizou uma conferência sobre o mineral no mesmo período do Painel da ONU, gerando perplexidade e protestos generalizados.

À parte essa quebra de protocolo do país-sede, a 19ª Conferência da ONU sobre Mudança Climática (COP19) reproduziu mais uma vez a oposição Norte-Sul, encarnada no bloco EUA/Europa, de um lado, e China, Brasil e India, como líderes dos países em desenvolvimento, de outro. A novidade é o consenso de que a mudança climática é um processo real, gerador de problemas graves para a vida do planeta. O cabo-de-força diplomático reside no grau de compromisso que os países assumirão para diminuir as suas emissões de CO2 e o nível de responsabilidade que cada um tem nesse processo.

A política e o direito internacional do meio ambiente avançaram bem quando foi adotado o inovador conceito de responsabilidades comuns, porém diferenciadas, no Protocolo de Kyoto (1997). A questão que remanesce, com a crise econômica global por cima, é o quanto e como diferenciada deve ser essa responsabilidade.

Os países ricos, amparados por sofisticadas pesquisas científicas, tem consciência do estrago que o aquecimento global já produz, e sabem que os arautos das futuras catástrofes exageram mas não mentem. Por isso, é cada vez mais difícil resistir à adoção de mecanismos para enfrentar (mitigar, na linguagem técnica) os problemas do aquecimento global e assumir compromissos na redução das emissões. Os jogadores escondem suas cartas enquanto não conhecem as de seus adversários: ou seja, os compromissos voluntários de redução dependem, em grande medida, do grau de comprometimento coletivo. Salvo em casos peculiares, como os países nórdicos, em que os governos tem apoio – e sofrem pressão maciça – de sua opinião pública, os diplomatas do Norte e do Sul não abrem seu jogo antes da hora. Enquanto isso, o tempo passa…e muda.