Segundo relatório, governos de países africanos têm sido pressionados para alterar a lei de biossegurança. Milho Bt foi aprovado na África do Sul antes mesmo que as autoridades avaliassem adequadamente as sementes.

A ONG sul-africana African Center for Biosafety (ACB) publicou no final de outubro o relatório intitulado “África coagida a produzir milho Bt defeituoso: o fracasso do milho MON810 da Monsanto na África do Sul”. O documento mostra como o milho transgênico da Monsanto, que fracassou completamente naquele país, agora é empurrado para o resto do continente.

O milho MON810 é do tipo Bt, que foi modificado geneticamente para produzir toxinas capazes de matar lagartas que atacam as lavouras. Segundo o relatório, pesquisas independentes mostraram que a variedade cultivada na África do Sul há 15 anos já não “funciona” devido ao desenvolvimento massivo de resistência nas lagartas, o que levou à retirada do produto do mercado sul-africano.

Em recente entrevista à Radioagência NP, Cleber Folgado, coordenador da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, alertava sobre o risco de os camponeses ficarem reféns de multinacionais como a Monsanto.

“O que está colocado em jogo na verdade é o domínio completo da agricultura por parte das empresas, por parte do capital transnacional, por parte do latifúndio, agronegócio sobre o que há de mais importante nas mãos dos camponeses que são as sementes.”

O milho Bt foi aprovado na África do Sul antes mesmo que as autoridades regulatórias avaliassem adequadamente as sementes.

Mesmo com o fracasso da tecnologia no país, a Monsanto está agora empurrando o mesmo milho transgênico para o resto do continente. Segundo o relatório do ACB, estão na mira países como Moçambique, Quênia, Uganda e Tanzânia.

Além disso, segundo o relatório, governos de países africanos têm sido pressionados para alterar a lei de biossegurança com o intuito de permitir o cultivo de lavouras transgênicas.

De São Paulo, da Radioagência NP, Leonardo Ferreira.