O governo moçambicano admitiu esta segunda-feira a possibilidade de participação de observadores nacionais no diálogo com a Renamo, partido militarizado com o qual tem estado em conversações há cerca de seis meses, mas sem nenhum consenso nas matérias em discussão.

A Renamo exige a presença de mediadores e observadores nacionais e internacionais para regressar à mesa do diálogo interrompido há algumas semanas.

Como que a provar a sua palavra, a delegação da Renamo faltou a ronda de hoje do diálogo, apesar da presença, no local, da delegação do governo.

Falando esta segunda-feira em Maputo, a jornalistas, o Chefe da delegação do governo e Ministro da Agricultura, José Pacheco, manifestou a abertura do governo quanto a participação de observadores nacionais no diálogo.

“Como Governo, até admitimos a possibilidade de podermos contar com a presença de observadores nacionais”, disse Pacheco, falando a imprensa no Centro Internacional de Conferências Joaquim Chissano, local onde têm acontecido os encontros com a Renamo.

Na ocasião, o governo convidou a Renamo a voltar à mesa do diálogo, por este fórum ser a ‘sede de tratamento das suas preocupações’.

O “diálogo político” entre o governo e a Renamo iniciou há cerca de seis meses, com três matérias submetidas pela Renamo, incluindo a revisão da legislação eleitoral; defesa e segurança; despartidarização do aparelho do estado; e questões económicas.

Contudo, as partes ainda não saíram do primeiro ponto de agenda devido a falta de consenso no que toca a exigência da Renamo de paridade na representação dos partidos políticos nos órgãos eleitorais.

Enquanto isso, a Renamo tem estado a intensificar os ataques armados a civis e militares na região centro e norte do país, tendo já causado dezenas de mortos e feridos e destruição de bens civis.

Diversas pessoas acreditam que a actual crise será ultrapassada com um ‘frente-a-frente’ entre o Chefe do Estado, Armando Guebuza, e o Presidente da Renamo, Afonso Dhlakama, ora em parte incerta.

Na conferência de imprensa de hoje, José Pacheco disse ainda que o governo reitera a sua disponibilidade de manter o diálogo com a Renamo para, dentre várias matérias, preparar o encontro entre o Presidente da República e o líder deste partido.

Igualmente, Pacheco anunciou a disponibilidade da equipa técnica militar do governo para se encontrar com a sua contraparte da Renamo visando tratar de assuntos militares, que constituem o segundo ponto de agenda na mesa do diálogo.