Publicamos dois depoimentos de cariocas que estão vendo e vivendo uma situação de grave ação policial promovida pelo Estado, tanto a nível municipal quanto estadual.

Rio de Janeiro sofre com repressão policial

[/media-credit] Rio de Janeiro sofre com repressão policial

Manifestação em Frente a Câmara Municipal

Por Valdir Silveira, do Movimento Humanista

“Era um dia em que se votaria o Plano de cargos e salários dos professores do município. Plano esse que sequer foi discutido com a categoria. A base governista sendo a maioria da câmara, a idéia era aprovar mesmo.
Não cheguei a tempo de pegar o ato político que foi iniciado pela categoria. O registrado foi um confronto de uma massa mais heterogênea de manifestantes até mesmo moradores de rua, aparentemente. O enfrentamento gerou condições ótimas para grupos que não pertenciam a categoria manifestar sua revolta diante de ausência de democracia e caos. Presenciei muito quebra-quebra gratuito… por gente que apesar de estarem com camisas na cara não eram do Black Bloc.. dava pra perceber o clima diferente. A polícia fez o que sabe fazer, e o que se esperava que fizesse. A propósito foram uma de suas bombas que quebraram o vidro de uma janela do Museu Nacional de Belas Artes, eu estava ao lado e vi, e fotografei.
Pois é, acompanhei por algumas horas tudo… tava tenso… e na periferia do confronto tudo era muito catártico. Vi uns garotos querendo derrubar postes.. e por aí vai… ainda estou digerindo tudo.”

 

Bloqueio e controle policial em pleno centro do Rio de Janeiro

[/media-credit] Bloqueio e controle policial em pleno centro do Rio de Janeiro

Estado de Sítio Carioca

Por Chico alencar, deputado

“Esta é a rua Evaristo da Veiga, principal via de ligação entre o bairro da Lapa e a Cinelândia, coração do Centro do Rio de Janeiro. Na manhã deste primeiro de outubro de 2013, a Evaristo da Veiga amanheceu cercada. Por ali, ninguém passa. Sem ordem judicial ou qualquer tipo de aviso prévio, os comércios foram impedidos de abrir. Escritórios, agências bancárias, nada funciona. Um grande aparato militar ocupou o espaço. Durante toda a manhã, caminhões do Batalhão de Choque traziam efetivos de policiais armados de fuzil. A mesma cena acontece nas ruas Alcindo Guanabara, Álvaro Alvim e Senador Dantas, todas ao redor da Câmara Municipal. Lá, às 16h, os vereadores da base governista pretendem aprovar o plano de cargos e salários para professores e funcionários da rede municipal de educação. O plano foi enviado pelo prefeito Eduardo Paes de forma autoritária, sem discussão com a categoria em greve. Ao redor do cerco armado, milhares de pessoas se concentram para pressionar pela retirada do plano e pela rediscussão com os representantes do sindicato. Sim. O Centro do Rio de Janeiro amanheceu sitiado pra impedir que a manifestação de professores e professoras se aproxime do Palácio. O Rio amanheceu cercado para que seja aprovado à força um plano que não é aceito pelos educadores. Parece que Eduardo Paes e Sergio Cabral não se acostumaram com os novos tempos e sentem saudades de um passado em que governavam sem maiores contestações. A julgar pela ação de sábado – quando a polícia investiu com violência e sem mandado judicial contra os professores acampados – e pelo Sítio instaurado hoje, os senhores do Rio talvez tenham saudades de passado nem tão recente assim. Democracia demais é prejudicial: parece ser essa a perspectiva de Paes e Cabral. É fundamental que todos estejamos atentos para as ações e iniciativas que tentam cercear a participação popular e o direito à manifestação após os protestos de junho. Nem um passo atrás: ditadura, nunca mais. #greve #SEPE #educação #assessoria”