Cairo – A Irmandade Muçulmana do Egito anunciou hoje (4) que não participará de nenhuma negociação com as novas autoridades do país. “Anunciamos nossa rejeição categórica ao golpe de Estado contra o presidente eleito e a vontade do povo, e rejeitamos a participação em qualquer negociação com a nova autoridade”, disse o grupo em comunicado divulgado em sua página eletrônica.

As Forças Armadas egípcias depuseram ontem o presidente Mohamed Mursi, eleito há um ano, e designaram como líder interino do país o presidente do Tribunal Constitucional, Adly Mansour, que deverá convocar e supervisionar as próximas eleições presidenciais.

Além disso, a Irmandade pediu aos manifestantes que sejam pacíficos durante os protestos e criticou qualquer tipo de violência. “Rejeitamos as práticas repressivas do Estado policial, como os assassinatos, as detenções, a restrições à liberdade dos meios de comunicação e o fechamento de emissoras”, acrescentou o comunicado.

As forças de segurança prenderam diretores e apresentadores de canais de televisão religiosos islâmicos no Cairo e cancelou suas transmissões.

A Justiça egípcia emitiu hoje uma ordem para proibir a saída do país do presidente deposto Mohamed Mursi, que foi acusado, ao lado de oito dirigentes da Irmandade Muçulmana, de ter insultado o Poder Judiciário

Além disso, a Promotoria ordenou a prisão dos líderes da Irmandade e de seu braço político, o partido Liberdade e Justiça. As forças de segurança já começaram a deter alguns dos dirigentes islamitas.

Já o partido salafista Al Nour, que terminou em segundo nas últimas eleições parlamentares egípcias, disse hoje em comunicado que a experiência de Mursi foi um “fracasso como consequência das práticas equivocadas que levaram a uma divisão na sociedade egípcia”.

O partido afirmou que apresentou várias iniciativas para superar a crise política que foram rechaçadas pela presidência, o que contribuiu para que a oposição política a Mursi se transformasse em uma “oposição popular apoiada pelas instituições do Estado”.

O Al Nour pediu ao Ministério do Interior e às Forças Armadas que não persigam os militantes das correntes islamitas e respeitem as liberdades obtidas pela revolução egípcia de 2011, que derrubou do poder o presidente Hosni Mubarak.

por Renata Giraldi