Cerca de 400 pessoas voltaram a ocupar por duas horas o terreno do Pinheirinho, na zona sul de São José dos Campos, na sexta-feira (19). Os manifestantes realizaram um protesto contra a demora na construção de moradias para as famílias despejadas há um ano e meio.

Os ex-moradores começaram a se concentrar às 8h em frente ao terreno da antiga ocupação e por volta das 9h entraram no local, ficando até as 11h. Lideranças da Associação Democrática por Moradia e Direitos Sociais (ADMDS) e centenas de famílias percorreram o antigo acampamento.

Ao longo do trajeto, emoção e indignação dos ex-moradores. Onde antes havia centenas de casas, pequenos comércios, praças e igrejas, hoje existe um grande terreno baldio, tomado pelo mato.

Mas o que gerou revolta foi encontrar um barracão com diversos móveis e utensílios domésticos dos ex-moradores. Na violenta desocupação, no dia 22 de janeiro de 2012, as famílias foram expulsas de suas casas e não puderam levar nada. Mas até hoje não tiveram de volta seus pertences.

Depois dos moradores terem deixado a área na sexta-feira, um grupo não identificado colocou fogo no galpão, queimando os móveis que ainda restavam. Cerca de 100 carros, também deixados para trás no dia do despejo, estavam amontoados no meio do mato, porém, totalmente “depenados”, sem motor, bancos, peças etc.

Chega de enrolação

O protesto da sexta-feira teve por objetivo cobrar dos governos federal, estadual e municipal a construção das casas. Prefeitura e Governo do Estado anunciaram, após a desocupação, a construção de moradias às famílias do Pinheirinho. Também aconteceram negociações com a ADMDS para construção de casas. Porém, após um ano e meio, os ex-moradores seguem sem um teto, morando em condições precárias. O aluguel social de R$ 500 não é suficiente para pagar uma moradia em São José dos Campos.

“É um absurdo que tenham jogado milhares de famílias na rua para, um ano e meio depois, o Pinheirinho voltar a ser um terreno baldio, sem função social. Pra que tanta violência e pressa para desocupar?”, disse o advogado das famílias, Toninho Ferreira.

“Há um ano e meio estamos em negociações para garantir casas às famílias do Pinheirinho, mas até agora nenhum tijolo foi assentado, nem o terreno existe. Os governos estão enrolando e tratando com descaso um problema grave que eles mesmos criaram ao fazer uma desocupação violenta e ilegal. As famílias querem o que foi prometido: a construção de casas. A luta não vai parar”, afirmou o advogado das famílias.

Por  Sindimetal/SJC  publicado no Brasil de Fato