Madri, 17 mai (Prensa Latina) O conservador governo espanhol aprovou hoje uma nova reforma da educação, a sétima em 37 anos de democracia, apesar da contundente rejeição do setor educativo e da maioria dos partidos políticos.

Em sua habitual reunião semanal, nesta sexta-feira, o Conselho de Ministros deu luz verde à denominada Lei Orgânica para a Melhora da Qualidade da Educação (Lomce), impulsionada pelo direitista Partido Popular, depois do qual será remetida à Câmara dos Deputados.

Em coletiva de imprensa conjunto com o ministro de Educação José Ignacio Wert, a vice-presidenta do Governo, Soraya Sáenz de Santamaría, sublinhou que a lei é uma das reformas fundamentais da administração conservadora de Mariano Rajoy.

Sáenz de Santamaría explicou que a futura lei tem o duplo objetivo de melhorar a qualidade do ensino e acabar com os elevados níveis de reprovação escolar, que, segundo sua opinião, dificultam a inserção dos jovens espanhóis no mercado de trabalho.

No entanto, para a comunidade educativa (docentes, alunos e associações de pais) e quase todas as forças políticas da oposição, a Lomce é segregadora, elitista, adoutrinadora e mercantilista.

Há uma semana, a Plataforma Estatal pela Escola Pública realizou uma greve geral em todos os níveis de ensino desta nação europeia contra a projetada legislação e os duros cortes na educação aplicados por Rajoy.

A adesão à medida de força foi massiva, considerou a citada plataforma, que aglutina, entre outros, o Sindicato de Estudantes, a Confederação Espanhola de Associações de Pais e Mães de Alunos e várias centrais operárias.

Além da greve, em várias cidades aconteceram grandes manifestações para protestar contra a também conhecida como Lei Wert (sobrenome do ministro de Educação).

Entre outras medidas impopulares, essa norma aumenta as taxas universitárias, reduz a capacidade de decisão das autonomias, que têm as competências transferidas na instrução estatal, suprime a seleção e introduz exames de revalidação ao final de cada ciclo.

Estudantes, professores e famílias recusam as mudanças promovidas pelo ministro, ao considerar que são contrárias à igualdade de oportunidades e favorecem a privatização da escola pública.

Cataluña, Canárias, Astúrias, País Basco e Andaluzia são algumas das 17 comunidades autônomas espanholas que exteriorizaram seu repúdio à Lei Wert.

O Sindicato de Estudantes acusou a direita dirigente de utilizar a crise econômica como pretexto para o desmantelamento do sistema educativo universal.

A intenção do Governo é expulsar do sistema educativo milhares de jovens das famílias mais humildes, denunciou a organização juvenil.