Brasília – Pressionados pela possibilidade de que o conflito na Síria descambe em uma crise regional, por informações sobre o uso de armas químicas em combate e por uma escalada da violência no país, os Estados Unidos estão começando a analisar novas opções de intervenção no embate entre grupos insurgentes e forças fiéis a Bashar Al Assad.

Já se passaram dois anos desde o início do conflito sírio que vitimou mais de 60 mil pessoas, segundo a Organização das Nações Unidas. E não só os combates não parecem dar sinais de trégua, como cada vez mais envolvem países vizinhos.

Neste sábado (4), por exemplo, autoridades militares israelenses confirmaram, sob condição de anonimato, informações divulgadas por fontes americanas de que Israel realizou um ataque aéreo contra a Síria. O alvo, segundo os israelenses, foi um carregamento de mísseis para o grupo libanês Hezbollah. Autoridades sírias, porém, negam que o ataque tenha ocorrido.

Pouco antes, forças rebeldes denunciaram a ocorrência de dois novos massacres, desta vez na área costeira da Síria. Segundo os insurgentes, pelo menos 50 pessoas morreram na cidade de Al Bayda na quinta-feira (2) e dezenas de outras na cidade de Baniyas, o que levou centenas de pessoas a fugirem da região. Vídeos mostrando corpos queimados e mutilados de mulheres e crianças foram colocados na internet para mostrar a escala da matança – embora sua procedência e autenticidade não possam ser confirmadas.

As pressões para uma mudança de atitude dos Estados Unidos diante do conflito sírio começaram a aumentar com as denúncias, também não confirmadas, de que tropas oficiais de Assad teriam usado armas químicas contra a população civil e os insurgentes.

No passado, o próprio Obama havia afirmado que o uso desse tipo de arma seria um divisor de águas, fazendo com que os americanos tivessem de tomar uma atitude mais drástica ante ao conflito.

Obama disse ontem (3) não ver nenhum cenário em que tropas americanas seriam enviadas para a Síria, o que não quer dizer que os americanos não planejem ampliar seu engajamento no conflito. Tanto que, na véspera desse pronunciamento, o secretário de Defesa americano, Chuck Hagel, admitiu pela primeira vez que o governo está estudando diversas opções para a Síria, incluindo fornecer armas a rebeldes sírios.

No ano passado, Obama rejeitara essa ideia, proposta pela então secretária de Estado Hillary Clinton. A retomada do projeto parece sinalizar, portanto, uma significativa mudança de posição de seu governo. “Há muitas opções sobre a mesa [no que diz respeito à intervenção americana na Síria] e elas tem o mesmo peso neste momento”, revelou uma autoridade americana ao jornal New York Times, em artigo publicado neste sábado.

Publicado com o título original: Síria: EUA avaliam novas opções de intervenção