Caracas – Milhares de venezuelanos juraram pela Constituição defender o presidente Hugo Chávez e o seu programa de governo nas ruas. O juramento foi feito hoje (10) a pedido do vice-presidente Nicolas Maduro, que iniciou o quarto mandato de Chávez com uma grande manifestação, que teve a presença de autoridades de países vizinhos.

Dirigindo-se à multidão reunida em frente ao Palácio Presidencial Miraflores, Maduro leu o juramento, que foi repetido pelo povo. “Juro pela Constituição Bolivariana que defenderei a presidência do comandante Chávez, nas ruas, com a razão, com a verdade e com a força e a inteligência de um povo que conseguiu se libertar do domínio da burguesia”, disse.

O vice-presidente também aproveitou a ocasião para denunciar um “complô de setores da direita, para buscar mortes e encher de sangue as ruas da Venezuela, com manifestações que dizem que vão fazer”.

Alguns políticos da oposição venezuelana convocaram uma marcha pacífica para o próximo dia 23, em repúdio à decisão do Tribunal Supremo da Justiça (TSJ), que aceitou o pedido do governo para adiar a posse de Chávez até que ele se recupere da cirurgia para retirada de um tumor cancerígeno, em Cuba, e possa voltar ao país.

A decisão, anunciada ontem (9), prolonga o atual governo, permitindo a Maduro governar no lugar de Chávez, que não recebeu mandato do povo. Na Venezuela, somente os candidatos à Presidência disputam eleições. O vice é nomeado pelo presidente.

“Respeitamos e acatamos a decisão do Tribunal, mas isso não significa que vamos ficar calados e não vamos continuar nos mobilizando para estabelecer a ordem constitucional perdida”, disse o deputado oposicionista Alfonso Marquina. A marcha foi convocada para coincidir com o 55o aniversário do fim da última ditadura miliar venezuelana.

Estiveram presentes ao ato de hoje, os presidentes do Uruguai, Jose Mojica; da Nicarágua, Daniel Ortega; e da Bolívia, Evo Morales, além do ex-presidente Fernando Lugo, do Paraguai. O chanceler argentino, Hector Timerman, informou que a presidenta Cristina Kirchner estava viajando para Cuba, a fim de visitar Chávez. Ele agradeceu a ajuda financeira dada pelo presidente venezuelano, quando a Argentina saia da pior crise de sua recente história.

A grande incógnita agora é sobre quando Chávez volta para a Venezuela. O presidente foi visto pela última vez, em público, há exatamente um mês. Esta e a quarta vez que ele se submete a uma cirurgia, desde que foi diagnosticado com câncer, há dezoito meses. “Mas das outras vezes mandava mensagens de Cuba, dava um telefonema ou fazia uma teleconferência”, disse o taxista Gustavo Franco, que não votou em Chávez, apesar de a mãe e o irmão serem chavistas.

Já Jairo Hernandez, como muitos outros militantes de Chávez, disse apoiar Maduro até a volta do presidente ou decidir o contrário. “O presidente deu instruções muito claras. Antes de embarcar para Cuba, ele nos pediu para apoiar Maduro caso alguma coisa acontecesse com ele. Vou obedecer”, declarou.

Matéria de Monica Yanakiew, Eviada Especial