Havana, 28 nov (Prensa Latina) As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia-Exército do Povo (FARC-EP) consideraram hoje nesta capital que a participação popular nas conversas com o Governo é essencial para conseguir o fim do conflito armado.

Pouco antes de instalar no Palácio de Convenções a oitava jornada da mesa de diálogo, o representante da guerrilha Ricardo Téllez reiterou o convite do grupo insurgente para que os diferentes setores da sociedade colombiana contribuam com a busca da paz.

Em uma carta aberta à Comissão de Paz do Congresso da nação sul-americana, as FARC-EP destacaram o trabalho realizado pelas mesas regionais, foruns criados para debater os temas incluídos na agenda das conversas, como a terra e a participação política.

Por nossa parte, fica aberto o convite para que presencialmente exponham ante nós o universo de aspirações que com tanta dedicação recolheram, apontou Téllez.

Como habitual desde a instalação na segunda-feira 19 de novembro da mesa de diálogo, a delegação do Governo, encabeçada pelo ex-vice presidente Humberto de la Calle, não fez comentários nem declarações à imprensa nacional e estrangeira que cobre o diálogo.

As partes só emitiram um comunicado conjunto desde que começaram as conversas, o que consistiu na ativação de um espaço para a participação cidadã no processo de paz, particularmente no tema da terra, identificado como a origem e o aprofundamento do conflito colombiano.

Segundo o acordo anunciado no domingo último, a guerrilha e o Executivo solicitaram às Nações Unidas na Colômbia e ao Centro de Pensamento e Acompanhamento ao Diálogo de Paz da Universidade Nacional que organizem e sirvam de relatores nos debates de um foro sobre desenvolvimento agrário integral convocado para o próximo mês em Bogotá.

Nesse sentido, fixaram para o dia 8 de janeiro de 2013 a recepção na mesa de diálogo, que tem Cuba como sede permanente, das conclusões do encontro, em aras de utilizar os critérios e propostas da cidadania para enriquecer o mecanismo encaminhado a buscar a paz.

Anteriores jornadas foram marcadas por anúncios e demandas das FARC-EP, como a decisão de estabelecer um cessar fogo unilateral de ações ofensivas por dois meses (até 20 de janeiro de 2013) e a solicitação ao presidente estadunidense, Barack Obama, de um indulto para Simón Trinidad.

Trinidad faz parte da equipe da guerrilha para as conversas, mas cumpre 60 anos de prisão nos Estados Unidos, para onde foi extraditado em 2004.

Com respeito aos detalhes do que acontece nas conversas, os interlocutores têm mantido discreção, ainda que as FARC-EP têm feito algumas avaliações.

De acordo com comentários da guerrilha em diferentes momentos, a mesa anda “por bom caminho e a bom ritmo”, “em sintonia e bom balanço” e “não existem as tensões entre as partes que são especuladas e divulgadas sem fundamentos por alguns dos meios [de comunicação]”.

No caso do Governo, só se sabe de um vídeo que mostra uma reunião interna da equipe designada às conversas, na qual De la Calle enfatiza a importância de aprofundar no tema da terra e de manter “um esquema de seriedade” nas conversas.