Novamente, o componente econômico resulta um dos principais problemas para as pessoas, golpeadas com crescentes dificuldades relacionadas com os aspectos trabalhista, comercial e encarecimento da vida, entre outros.

PERSISTENTES DANOS TRABALHISTAS

A Eurozona, conformada por 17 países vinculados a uma moeda comum, fechou março passado com uma taxa recorde de desemprego de 10,9 por cento da população ativa, segundo o escritório comunitário de estatísticas, Eurostat.

A cifra de desocupados chegou a 17,3 milhões de pessoas, com um incremento de 193 mil em relação ao mês precedente.

Outra vez, a Espanha encabeçou o indicador negativo, com um índice de desemprego de 24,1 por cento, depois de um avanço de três décimos em comparação com o resultado de fevereiro.

Por outra parte, os registros mais baixos deram-se na Áustria, Holanda, Luxemburgo e Alemanha.

O desemprego juvenil continua sendo um dos apartados mais sensíveis no panorama trabalhista do grupo com taxas superiores aos 50 pontos em Espanha e Grécia.

A debilidade desse mercado soma-se aos problemas da Eurozona, onde várias das economias que a integram se encontram numa situação de recessão.

Por isso, nos últimos meses, o Banco Central Europeu (BCE) especificou milionárias injeções de liquidez a fim de incrementar a disponibilidade de recursos que permitissem enfrentar a crise da dívida soberana.

PARA ALÉM DOS PROBLEMAS TRABALHISTAS

O elevado nível de desemprego tem impactado fortemente em outros setores da economia, gerando grande preocupação no comportamento do Produto Interno Bruto e na situação das pessoas.

Os setores manufatureiro e dos serviços estiveram entre os mais golpeados em abril, de acordo com a firma Markit.

O indicador manufatureiro baixou um mínimo de cinco meses, o que unido aos retrocessos dos serviços reduziu as esperanças de uma saída rápida da recessão.

E ainda, o marcado retrocesso da atividade construtiva é outra das consequências visíveis do atual panorama no chamado Velho Continente.

Esse indicador tem registrado descensos na Eurozona e no conjunto da União Europeia, com os principais retrocessos na Alemanha, Itália e Eslovênia.

Outro dos elementos de grande efeito foi a alta dos valores do petróleo, o que provocou até a alta dos preços das fábricas.

O avanço desse indicador incrementou as possibilidades de que o BCE mantenha as taxas de juros em mínimos históricos de um por cento.

O escritório comunitário de estatísticas agregou que a ascensão dos custos da energia para as fábricas sugere que o incremento nos preços na produção industrial em geral poderia ser transferido aos consumidores.

Apesar do alto desemprego e a contração econômica em vários países do grupo, os valores do petróleo dificultam a diminuição dos custos.

Especialistas opinaram que os crescentes valores da energia poderiam levar a inflação neste ano acima da meta de dois por cento estabelecida pelo chamado guardião do euro.

PROGNOSTICOS POUCO ALENTADORES

A economia da Eurozona contraiu 0,2 por cento no primeiro trimestre do ano e estancará no segundo pela crise de dívida, calculou o instituto alemão de investigação, Ifo.

A entidade acrescentou que os problemas orçamentais e as dificuldades do mercado trabalhista prejudicarão o consumo privado.

E prognosticou mais aumentos dos preços do petróleo e debilidade no investimento.

Sobre o tema, analistas opinaram que o risco de que a inflação não baixe pelos altos custos do petróleo acrescenta a preocupação do BCE, encarregado de garantir a estabilidade dos preços.

Ademais exacerba os temores sobre o impacto inflacionário em longo prazo das injeções de liquidez em massa previstas aos bancos pelo BCE.

Ao lado disso, o grupo de investigação Sentix revelou que a incerteza existente arrastou a confiança dos inversores em maio a seu menor nível desde 2009.

Sentix alertou que a queda do mês passado foi o primeiro sinal de advertência e reforçou que uma segunda baixa consecutiva, como a de maio, resulta mais preocupante.

Um subíndice sobre expectativas da Eurozona e outro que mede as da Alemanha, a chamada locomotora europeia, também se comportaram à baixa.

O grupo explicou que ainda que os indicadores econômicos alemães sigam fortes, as expectativas para os seis próximos meses receberam o impacto do conjunto da zona.

VOZES DE FORA

Tantas vozes não podem estar equivocadas. O próprio Fundo Monetário Internacional (FMI) advertiu recentemente sobre o perigo que representa a crise de dívida da Eurozona para a economia do grupo e os mercados financeiros do planeta.

Em seu relatório sobre a estabilidade financeira no mundo, o organismo afirmou que os planos de saneamento empreendidos pelas entidades bancárias podem levar a Europa ao colapso do crédito e a uma queda do crescimento.

Previu que se não se aplicar as políticas de coordenação e supervisão necessárias para acalmar a volatilidade, o Produto Interno Bruto da zona cairá até 1,4 por cento em 2012 e 2013.

Assim mesmo, o FMI recordou que persistem as pressões sobre os bancos em um meio marcado pelo débil crescimento econômico, os elevados requisitos para a refinanciamento e a necessidade de fortalecer o colchão de capital que permita recuperar a confiança dos investidores.

Por isso, enfatizou a importância de fortalecer a coordenação e estabelecer uma rota a fim de completar um marco de estabilidade financeiro pan-europeu.