No Dia do Frevo, ritmo mais tradicional do carnaval pernambucano, houve uma nova manifestação contra o aumento do aumento das tarifas de ônibus e o aumento do salário dos parlamentares.

Com faixas com os dizeres: “O povo não é bobo aumento de passagem é roubo”, estudantes e membros de vários movimentos sociais saíram em passeata pela Avenida Conde da Boa Vista, centro do Recife, pedindo que a tarifa abaixe.

“Se tarifa não baixar o Recife vai parar” era o grito de protesto. E o trânsito da cidade parou durante toda tarde. A manifestação durou das 13h até as 19h, quando os manifestantes pararam no cruzamento da Conde da Boa Vista com a Rua do Hospício, e fizeram fogueiras na avenida.

Papel picado eram jogados das janelas dos prédios, enquanto os manifestantes gritavam: “Papel picado, papel picado, o povo está do nosso lado!” As pessoas esperavam pacientemente a passagem da passeata.

Os manifestantes continuaram seu protesto, até o momento em que alguém, mais alterado, jogou uma tinta no ônibus que passava. Bastou esse movimento para que a polícia viesse para cima de todos.

Nesse momento, também corri, mas parei logo em seguida ao lado de um rapaz que dizia que por “causa desses deslizes a gente perde nossos direitos”, exaltado. Enquanto eu pedia para ele ficar calmo, veio uma garota de uns vinte e poucos, falando que estava assustada porque está grávida de dois meses. Enquanto tentávamos acalmá-la, chega uma professora dizendo que “como era absurdo que a polícia fosse para cima de revolver na mão sabendo que ninguém ali era ladrão, mas que roubo mesmo era aumentar o salário dos parlamentares”.

Fez dois blocos na avenida, um dos membros do protesto e outro da polícia. Após dos gritos “Polícia Fascista”… houve um outro que ecoou mais forte “Você que está fardado, também é explorado”.

Evidentemente nem todos os manifestantes estavam nessa sintonia, alguns se encontravam mais exaltados. Porém era interessante observar que a população olhava e respeitava a manifestação e no momento de um possível embate com a polícia se aproximaram, zelando para que nada de mais grave ocorresse.

No meio daquilo tudo, entre acertos e erros, fogos na rua e papel picado voando dos prédios, os participantes da manifestação tentavam expressar o clamor contra a todo tipo de injustiça, contra todo tipo de violência e exploração.

Enquanto isso a professora passou por mim de novo, dizendo “vamos registrar tudo para se houver uma agressão”, pouco depois a moça grávida pegou na minha mão para agradecer e me mostrando o primo que estava na passeata, em seguida encontrei uma conhecida comunista.Todos, cada um de seu modo, clamando pelo fim da exploração.