Segundo o comissário europeu da Energia, Gunther Oettinger, os principais campos de petróleo líbios estão nas mãos dos rebeldes.

*”Temos razão para acreditar que a maioria dos campos de exploração (de gás e petróleo) não estão mais nas mãos de Kadhafi, mas sim sob controle de tribos e forças provisórias que tomaram o poder”*, disse.

Após a ONU e os Estados Unidos, a União Europeia aprovou nesta segunda-feira um embargo de armas contra a Líbia, bem como um congelamento dos bens e proibições de visto para o coronel Kadhafi e 25 pessoas próximas a ele.

As medidas devem ser formalmente confirmadas durante o dia.

A comunidade internacional, com o Ocidente à frente, pensa ainda em aplicar uma interdição do espaço aéreo líbio, através de uma zona de exclusão aérea, para impedir bombardeios contra a população.

A Itália, que está bem posicionada, junto com a França, para colocar em prática essa proibição, disse que a medida seria *”sem dúvida útil”* e *”evitaria os bombardeios (…) nas zonas subtraídas do controle do regime”*.

O primeiro-ministro francês, François Fillon, considerou que tal estratégia necessitaria, primeiro, de *”uma decisão do Conselho de Segurança das Nações Unidas”* e o envolvimento da Otan.

Depósitos de munição em zonas sob o controle da rebelião no leste da Líbia foram alvos, nesta segunda-feira, de ataques aéreos das forças do dirigente Muamar Kadhafi, segundo fontes em Benghazi, a segunda maior cidade do país, a mil quilômetros a leste de Trípoli.

Ante a pressão crescente da comunidade internacional por sua saída, Kadhafi, no poder há mais de 40 anos, mostra-se inflexível, criticando as sanções da ONU e garantindo que a Líbia estava “completamente calma”.

O Ocidente se prepara para ajudar os opositores, que criaram um *”Conselho Nacional Independente”* encarregado de representar *”as cidades libertadas”*.

Este órgão será *”o rosto da Líbia durante o período de transição”*, declarou seu porta-voz Abdelhafez Ghoqa. A UE também informou estar em vias *”de estabelecer contato”* com as autoridades de transição líbias.

*”Nós contamos com o exército para libertar Trípoli”*, acrescentou Ghoqa.

Do outro lado do país, a oposição reinvicava o controle de várias cidades ao redor da capital e no Oeste.

*”Nos colocamos sob a autoridade do governo interino de Benghazi”*, informou um dignitário do comitê revolucionário que agora administra Nalout, a 230 km ao oeste de Trípoli, precisando que outras cidades da região estão *”nas mãos do povo”*.

*”Estamos preparando as tropas para marchar sobre Trípoli e libertar a capital do jugo de Kadhafi”*, acrescentou o dignitário Chaban Abou Sitta.

Em Zawiyah, a 60 km ao oeste da capital, manifestantes anti-Kadhafi pareciam controlar a cidade.

As cidades estratégicas de Misrata, leste, e Gherien, sul, parecem também estar sob o controle da oposição.

Em Trípoli, postos de controle foram construídos dentro e fora da capital por militantes pró-Kadhafi. Pão e gasolina foram racionados, segundo um morador.

A chefe da diplomacia americana, Hillary Clinton, pediu nesta segunda-feira que fossem preparadas *”medidas suplementares para que o governo Kadhafi comece a prestar contas, fornecendo ajuda humanitária e apoiando o povo líbio na busca por uma transição democrática”*.

Os Estados Unidos vão enviar duas equipes humanitárias às fronteiras com a Tunísia e o Egito, anunciou ela, ao mesmo tempo em que a Cruz Vermelha Internacional exigiu acesso imediato ao Oeste da Líbia.

A França vai mandar dois aviões a Benghazi com ajuda humanitária e o Programa Alimentar Mundial anunciou o envio de 80 toneladas de rações energéticas.

O chefe da ONU Ban Ki-moon mencionou, por sua vez, um balanço do conflito de mil mortos.

Quase cem mil pessoas, a maioria trabalhadores egípcios e tunisianos, já deixaram o país pelas fronteiras, segundo o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (HCR).