A aplicação da lei antiterrorista a um grupo de nossa sociedade, particularmente de nossos povos originários, parece-nos um ato discriminatório e arbitrário que não se justifica juridicamente, destacou ontem o presidente do Senado chileno, Jorge Pizarro.

Transcendeu ademais a assinatura de uma declaração consensualizada pelos presidentes dos principais partidos da oposição no país, quem instaram ao governo à criação de uma mesa de diálogo para a solução do prolongado jejum.

Os líderes opositores coincidiram também na necessidade de derogar ou modificar profundamente a lei antiterrorista.

Em um evidente cruzamento de espadas com espadachins de administrações anteriores, o ministro do Interior de Chile, Rodrigo Hinzpeter, afirmou que não foi o atual governo o que marcou determinadas condutas como delitos terroristas.

Em declarações formuladas ao jornal La Segunda, Hinzpeter não eludiu, no entanto, uma possível revisão do ordenamento jurídico chileno.

Enquanto, 32 réus mapuches completam hoje 52 dias de jejum em cárceres de Concepção, Lebu, Angol, Temuco e Valdivia, no sul de Chile, em demanda de um processo judicial justo e em rejeição da impugnada norma legislativa.

Seus familiares assinalaram não celebrarão o Bicentenário da Independência pois consideram que os indígenas chilenos têm vivido 200 anos de opressão.