Bolsonaro, Paulo Geudes e os ultraliberais, que desprezam a ciência, deflagraram mais um ataque à comunidade científica nacional. Na última semana o Ministério da Economia deixou de liberar a maior parte dos 690 milhões de reais pevistos no Projeto de Lei do Congresso Nacional 16/21. A comunidade científica, representada pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), a Academia Brasileira de Ciências (ABC), a Federação Brasileira de Associações Científicas e Acadêmicas da Comunicação (SOCICOM), entre outras, assinaram manifesto contrário a esse acinte. E convocam a sociedade a se manifestar.

O bloqueio desses recursos acontece porque a prioridade do governo de Bolsonaro/Guedes/Mourão e os ultraliberais que os seguem e os apoiam é o pagamento da dívida pública nacional às instituições financeiras. De acordo com o documento assinado pelas entidades científicas, esses 690 milhões de reais que Guedes cortou estavam garantidos pela Lei Complementar 177/21, que proibia o bloqueio de recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT). No entanto, uma “manobra sorrateira” do governo modificou a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) deste ano apenas para efetivar esse bloqueio.

Defesa da ciência

Com isso, o valor total de 690 milhões foi diminuído para apenas 55 milhões destinado à ciência no país, demonstrando o quanto esse governo e seus representantes desprezam a ciência e a tenologia. O quanto eles apostam na subserviência aos países centrais, tal como vemos agora durante a pandemia da Covid-19, com a total dependência das vacinas patentadas pelas potências estrangeiras.

Diferentemente de Cuba, por exemplo, que, mesmo com toda a perseguição sofrida, principalmente através do bloqueio econômico, desenvolveu a Abdala e outras quatro vacinas contra o SARS COV-2. Como fez também a Federação Russa, que desenvolveu a Sputnik V, vacina já utlizada por mais de 70 países no combate a esse vírus que tem matado milhões de pessoas, e que no Brasil já levou a óbito mais de 600 mil.

É que esses dois países apostam no desenvolvimento científico e tecnológico, em que pesem as pressões geopolíticas que sofrem da Europa Central e dos Estados Unidos. Russia e Cuba sabem que sua soberania não poderá ser mantida sem fortes recursos (financeiros e humanos) nesses setores-chave.

“O Brasil precisa de ciência, precisa de tecnologia, precisa de inovação, precisa de educação. E é inaceitável que os recursos destinados para o setor sejam desviados para outras funções, à revelia da legislação”, diz a nota da comunidade científica, indignada com mais esse ataque dos entreguistas que só pensam em favorecer, principalmente, o capital financeiro internacional.

Por essas e outras questões que precisamos parar esse governo o quanto antes. E não apenas isso. Precisamos vislumbrar caminhos que passem longe do liberalismo, dessa subserviência ao capital. A sociedade brasileira necessita buscar uma orientação de governo (e de sistema político) que aposte na distribuição equitativa da riqueza, na soberania e, principalmente, na vida. Os liberais já demonstraram que seus objetivos são outros. Po risso, é preciso uma mirada a outra direção, se desejamos um país sem fome, sem miséria, sem mortes evitáveis, sem ignorância. E, com certeza, o caminho apontado pelos liberais não é a solução.

Articulada com com outras entidades científicas e acadêmicas brasileiras, a SBPC realiza na sexta-feira, 15, o “Dia Nacional de Defesa da Ciência”, que coincide com o Dia do Professor. O objetivo é mobilizar a comunidade em um movimento em defesa da Ciência, Tecnologia e Educação no país.