No dia 4 de agosto, em Túnis, a flotilha Global Sumud convocou uma coletiva de imprensa na sede dos sindicatos tunisianos, com a participação de 44 delegações estrangeiras, para lançar o maior movimento civil, marítimo e popular com o objetivo de organizar uma missão internacional para Gaza, a fim de romper o cerco e a destruição que Israel está impondo à Faixa — aos seus meninos, mulheres e homens que nela vivem. Alguém chegou a chamá-la de uma espécie de “Dunkerque ao contrário”: uma iniciativa espetacular e massiva para atrair a atenção sobre o que Israel está fazendo com a população civil de Gaza.

Na coletiva de imprensa participaram os porta-vozes deste movimento internacional: Muhammad Nadir Al-Nuri, Yasemin Acar, Maria Elena Delia, Saif Abukeshek e Hayfa Mansouri. Este movimento é o resultado da união entre a Global March to Gaza e o Convoy Sumud, que tentou entrar na Faixa durante o mês de junho através da passagem de Rafah, bloqueada pelo Egito. Agora, esses voluntários se unem em uma estratégia comum e coordenada: construir um comboio marítimo com partidas de diversos portos do Mediterrâneo.

Os objetivos da ação são:

Romper o bloqueio ilegal imposto por mar pela ocupação israelense;

Entregar com urgência ajuda humanitária à população palestina, deliberadamente faminta e submetida a um genocídio;

Abrir um corredor humanitário liderado pelos povos, onde os governos falharam ou se recusaram a agir;

Denunciar o silêncio global, a cumplicidade, a proteção e os lucros construídos sobre crimes de guerra.

Não será apenas um barco, mas dezenas e dezenas de embarcações que tentarão romper o bloqueio — será uma mensagem ao mundo inteiro, um lembrete de que os palestinos em Gaza e em toda a Palestina não estão sozinhos.

Como me disse Maria Elena, uma das porta-vozes do movimento italiano, ao retornar de Túnis, trata-se de uma iniciativa histórica por vários motivos: primeiro, porque o desafio diante de nós é histórico, em uma situação em que a história tomou um rumo dramático; segundo, porque é a primeira vez que se conseguiu unir diferentes movimentos internacionais, construindo assim um movimento verdadeiramente global; e por fim, é histórica pelo nível de desafio que representa, já que pela primeira vez dezenas e dezenas de barcos zarparão em direção a Gaza.

Não se trata apenas de uma iniciativa humanitária para fornecer ajuda — concluiu Maria Elena — mas também de uma iniciativa política, porque queremos afirmar claramente que a sociedade civil não quer ser cúmplice do genocídio em Gaza. Os governos talvez o sejam, por não conseguirem ou não quererem fazer melhor. Mas nós, não. Não em nosso nome. Não em nome da sociedade civil.