O que produz, o que vende, o que domina. Não é uma potência em ascensão, é a potência instalada. Não importa se o Ocidente não admitir, já está feito — e fabricado — na China.
O mapa ficou vermelho industrial
Ninguém pode competir com um país que fabrica tudo, desde a agulha mais fina até a turbina mais pesada, desde a bateria de um celular até um guindaste portuário de 10.000 toneladas. A China não pergunta se pode fazer, ela faz e exporta. Em 2024, vendeu ao mundo mais de 3,8 trilhões de dólares em produtos manufaturados. Nenhum outro país chega sequer aos 2 trilhões. Os Estados Unidos ficaram para trás há tempos, a Alemanha apenas observa, o Japão mal sobrevive, o resto é periferia.
Mas não é apenas volume, é tecnologia, integração, velocidade, preço e escala. A China produz mais carros que toda a Europa, mais máquinas pesadas que todo o G7 junto e mais trens de alta velocidade que o resto do mundo combinado. Não são discursos, são números.
Carros, baterias e motores
Em 2024, a China exportou mais de 6,1 milhões de automóveis, 35% deles elétricos. Superou o Japão e a Alemanha, tornando-se pelo segundo ano consecutivo o maior exportador automotivo do planeta. Apenas com carros, faturou 135 bilhões de dólares. O mercado-alvo: Europa, América do Sul e África.
Mas isso é apenas o chassi: a China também vendeu baterias de lítio por mais de 115 bilhões de dólares, a maioria para empresas europeias, coreanas e norte-americanas. Cada Tesla nos Estados Unidos leva lítio refinado na China, cada ônibus elétrico na Colômbia tem alma chinesa, cada metrô elétrico em Londres carrega uma bateria com selo vermelho. Motores, peças e componentes automotivos somaram outros 80 bilhões. Já não é mais “made in Germany”, é made in China.
Trens, navios e turbinas
A China já não apenas observa trens — ela os projeta, fabrica e vende. Exportou trens de alta velocidade, urbanos e metrôs por mais de 25 bilhões de dólares em 2024. Para o Egito, Argentina, México, Quênia — incluindo trens-bala com tecnologia própria que atingem mais de 350 km/h. Não copiou, superou.
O país também lidera nos estaleiros: construiu mais de 45% dos navios cargueiros e petroleiros do mundo em 2024, exportando embarcações por 80 bilhões de dólares. Navios para a Noruega, cargueiros para o Brasil, porta-contêineres para a Grécia. O que antes fazia a Coreia, agora faz a China.
E se há algo mais poderoso que um navio, é uma turbina. A China vendeu turbinas eólicas, hidrelétricas e industriais por 70 bilhões de dólares. Energia embalada e exportada.
Máquinas para mineração, agricultura e construção
A China não produz apenas pás e caminhões de mina — produz toda a cadeia. Exportou máquinas pesadas para mineração por mais de 65 bilhões de dólares: escavadeiras, britadores, carregadeiras frontais, bombas de rejeitos e esteiras transportadoras, muitas com destino ao Chile, Peru, África do Sul e Austrália.
Em máquinas agrícolas, vendeu tratores, colheitadeiras e pulverizadores por 28 bilhões. Na construção, guindastes, perfuradoras, betoneiras e bombas de concreto por 50 bilhões. No sul de Santiago, numa obra na Nigéria ou num viaduto na Turquia, as máquinas carregam logotipos em mandarim.
Eletrônicos, chips e telecomunicações
Mesmo com bloqueios dos EUA, a China continua. Em 2024, exportou mais de 950 bilhões de dólares em eletrônicos: celulares, televisores, notebooks, roteadores, painéis solares, placas-mãe, sensores. Huawei e Xiaomi dominaram mercados emergentes, Lenovo vendeu 50 milhões de laptops. Marcas ocidentais dependem de fábricas em Shenzhen, Guangzhou ou Suzhou.
Em semicondutores, apesar das sanções, a China conseguiu produzir e exportar chips no valor de 100 bilhões de dólares. Não são os mais avançados, mas já funcionam. O que não fabrica, monta. O que não monta, melhora — e ainda assim vende.
Telecomunicações: antenas 5G, redes, fibra óptica, satélites de pequeno porte. Exportações de 75 bilhões de dólares. América Latina, África e Ásia são zonas de influência tecnológica chinesa — em muitos lugares, não há internet sem a China.
Eletrodomésticos e o cotidiano
Por trás de cada geladeira barata, há uma fábrica chinesa. Em 2024, venderam mais de 180 bilhões de dólares em eletrodomésticos: máquinas de lavar, micro-ondas, chaleiras elétricas, secadoras, ar-condicionados, robôs de limpeza. Midea, Haier, Hisense — marcas que já não se pronunciam errado e estão em todos os catálogos.
O mesmo vale para ferramentas, luminárias, ventiladores, cabos, tomadas, brinquedos, bicicletas, escadas, móveis metálicos. O pequeno também soma, tudo soma. Porque na China não há produto sem fábrica, e toda fábrica tem comprador.
O que fabricou e o que vendeu
China em 2024 exportou:
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Automóveis: 135 bilhões USD
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Baterias de lítio: 115 bilhões USD
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Motores e peças automotivas: 80 bilhões USD
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Trens e sistemas ferroviários: 25 bilhões USD
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Estaleiros e navios de carga: 80 bilhões USD
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Turbinas industriais, eólicas e hidráulicas: 70 bilhões USD
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Máquinas de mineração: 65 bilhões USD
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Máquinas de construção: 50 bilhões USD
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Máquinas agrícolas: 28 bilhões USD
Somente nesses três últimos setores industriais: 143 bilhões USD.
Em eletrônicos: 950 bilhões USD
Chips e semicondutores: 100 bilhões USD
Telecomunicações e fibra óptica: 75 bilhões USD
Eletrodomésticos e bens de consumo diário: 180 bilhões USD
Outros setores — como bombas, cabos, elevadores, painéis solares, transformadores, baterias estacionárias, geradores, climatização industrial e robótica de linha — somaram mais 140 bilhões USD.
Total geral: mais de 3,8 trilhões USD apenas em manufaturas exportadas.
Referências econômicas — China e EUA
Dados preliminares de 2024 (ajustados a julho de 2025)
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PIB 2024 (nominal, USD)
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China: 17,7 trilhões USD – Crescimento: 4,8% – Câmbio médio: 7,1 RMB/USD – Ainda não supera os EUA em PIB nominal, mas já ultrapassa em PIB PPA.
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EUA: 26,3 trilhões USD – Crescimento: 2,4% – Maior economia nominal do mundo.
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PIB PPA (Paridade de Poder de Compra)
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China: 33,7 trilhões USD – Líder mundial desde 2017.
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EUA: 26,3 trilhões USD.
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Projeção PIB nominal 2030 (USD atuais)
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China: 25 a 28,5 trilhões USD – Pode superar os EUA entre 2029 e 2033 – Crescimento anual: 4% a 5%.
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EUA: 28,5 a 31 trilhões USD – Crescimento anual: 1,8% a 2,2% – Risco: dívida pública crescente.
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Projeção PIB PPA 2030
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China: 40 a 44 trilhões USD – Consolida liderança mundial real.
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EUA: 31 a 33 trilhões USD – Atraso crescente em relação à China.
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Resumo
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Em PPA, a China já lidera e ampliará a vantagem.
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Em PIB nominal, ainda não superou os EUA, mas pode fazê-lo por volta de 2032.
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O resultado dependerá de fatores-chave: guerras comerciais, IA, energia e governança global.
Situação real
Nenhum país se aproxima, nem somando dois. Essa é a magnitude e o poder de quem não apenas produz, mas já substituiu o mundo como a oficina central do planeta. Não é milagre, é modelo. Não é acaso, é capacidade.
Enquanto o Ocidente discute cotas, subsídios e proteções, a China produz. Enquanto a Europa se desindustrializa, a China reinventa a indústria. Enquanto os EUA multiplicam sanções, a China multiplica exportações.
No século XXI, quem fabrica manda. E a China já mandou fazer o futuro — com seu próprio projeto e sem pedir licença.
E agora, o que falta?
Nada, ou quase nada. A China tem indústria, tecnologia, engenheiros, portos, trens, lítio, cobre e plano. A questão não é o que falta, mas por quanto tempo o mundo poderá se dizer multipolar quando a balança já se inclinou.
O que a China produz não é uma lista, é um sistema — e quem não entender isso chegará tarde.
O mundo fala mandarim com sotaque industrial
Não importa o que diga Washington ou prometa Bruxelas. A China não espera — já domina. Cada porto, mina, loja, cada tomada no planeta tem algo que saiu de um contêiner vermelho.
A batalha não é fabricar, é deixar de depender. Mas já é tarde: o mundo está projetado, montado, embalado e enviado da China. Todo o resto é discurso.
Enquanto os outros dormem, a China fabrica.







