NOTA PRETA

Por Mauro Viana

 

Antropóloga sofre racismo e misoginia em pleno Conselho de Cultura de Niterói  e o episódio gera Manifesto da Sociedade Civil

1)  Alvo do inclassificável episódio de racismo e misoginia, em reunião do audiovisual do Conselho Municipal de Cultura Niterói, o espaço é todo teu para uma contextualização, avaliação e resposta.  

A anos participo do conselho municipal de cultura de Niterói, pessoas como eu, Rachel Aguiar e Rosa Miranda, entre algumas outras pessoas,  lutamos muito para a política de cotas, ampliação da diversidade do conselho, contra o silenciamento nos editais e para que as mesmas pessoas parassem de ganhar sempre os mesmos editais, transformando assim a cultura  em um espaço familiar e mercadológico político de ganhos diretamente ou indiretamente.

O que aconteceu com o conselheiro titular de audiovisual é o que acontece por dentro do conselho, racismo e misoginia velados e ditos enquanto “pluralismo social” com regras que só funciona para alguns lados.

O conselho pode levantar relatórios, e frases pré-moldadas por diversos assessores para justificar  suas atitudes e mostrar as poucas atividades culturais plurais que eles estão dando abertura para serem realizadas.

O conselheiro titular e outro integrante da setorial, se sentiram tão confortáveis para fazer isso, pois sabem que não serão punidos ou realmente cobrados institucionalmente, pois um é do mesmo partido político de secretários e vereadores culturais e outro é um conselheiro ativo entre linhas da secretaria de cultura.

É necessário entendermos que este problema só será resolvido com um estudo plural e qualificado dentro da cultura de Niterói, e que pessoas diversificadas trabalhem na mesma, não pessoas que por mais que sejam pretxs e etc, sejam paralelos politicamente.

Segue o link da nota assinada por diversas pessoas, pedindo a mudança na política cultural de Niterói, não se trata de pessoas chatas cobrando, e sim de trabalhadores da cultura ativos e realmente atuantes na cidade.

https://docs.google.com/document/d/1hNpWwVUs8awWpdX9aLBpdscC8Ilv1z-yNTUlC00cgQQ/edit?usp=drivesdk

2) Fale-me um pouco de sua família, de sua relação com Niterói desde a infância? 

Sou de uma família dividida entre Minas gerais e Rio de Janeiro, minha avó teve 12 filhos na roça de Pirapetinga e minha mãe foi trazida para o Rio de Janeiro quando ainda era adolescente para trabalhar em casa de família( atitude escravocrata normal na idade delas), depois quando grande conseguiu vim morar em Niterói, ela teve duas filhas, minha irmã mais velha que sempre a gênia da inteligência da família, e eu, vivo aqui a 28 anos, me formei em Antropologia na UFF-Universidade federal fluminense, falo 3 línguas e morei em diversos bairros da cidade.

3) E a viagem à Angola? Como foi? Quais as boas notícias que você trouxe de Luanda?

A viagem para Luanda foi uma experiência incrível e amplamente sensível, é necessário o Brasil ampliar os laços e estabelecer metas de políticas públicas realmente plurais e sociais em diversas áreas na sociedade angolana para ajudar, construir e aprender culturalmente no país.

É necessário percepções e ações sociais qualitativas para transformarmos e trabalharmos nossas ações efetivas em outros países.

Coletivos LGBTQIA+ que debatem o racismo ocidental e também presentes no pan-africanismo precisam ser conversados e ampliados em formato institucional e social.

4) Diga-me o que o ano de 2024 pode esperar de Mila Neves?

Passar no mestrado, fazer eventos mais ampliados e melhorar politicamente e socialmente.

5) Como o áudio onde você sugere os assuntos da entrevista está “inaudível”, peço-lhe para nos passar as mensagens, que na sua avaliação, são as mais relevantes.

Quando a secretária irá se pronunciar sobre o caso de racismo e misoginia a uma mulher preta, antropóloga, mãe solo, e produtora cultural