ARTES VISUAIS

Por CWeA Comunicação

 

Amelia Toledo – O rio (e o voo) de Amelia no Rio

 

A artista paulistana Amelia Toledo (1926–2017) viveu no Rio de Janeiro nos anos 1970 e 1980, período em que iniciou uma obra pioneira na história da arte brasileira, em que ultrapassou a linguagem construtiva incorporando elementos da natureza, criando o que se pode chamar de abstração ecológica. Além de obras icônicas, como o livro-objeto “Divino Maravilhoso – Para Caetano Veloso” (1971), dedicado ao cantor e compositor, ou trabalhos que estiveram em sua impactante individual “Emergências”, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, em 1976, a exposição na Nara Roesler Rio de Janeiro – que representa a artista e seu legado – traz pinturas e aquarelas inéditas, em que o público verá sua experiência com a luz, e a incorporação em seu trabalho de materiais como pedras, conchas marinhas e cristais. São mais de 50 obraspinturas, esculturas, objetos, aquarelas, serigrafias e desenhos – que abrangem também algumas produzidas posteriormente a partir de suas pesquisas naquele período. É de sua autoria também o projeto premiado que fez para a Estação Arcoverde do Metrô, em Copacabana, inaugurada em 1998, com os 68 tons que revestem as paredes, e a fonte/escultura “Palácio de Cristal” (1998), um bloco de quartzo rosa sobre espelho d’água, no meio da mesma Praça Arcoverde.

 

Nara Roesler, Ipanema, Rio de Janeiro

Abertura: 12 de setembro de 2023, das 17h às 21h

Exposição até: 21 de outubro de 2023

Entrada gratuita

 

Nara Roesler Rio de Janeiro tem o prazer de inaugurar, a partir do dia 12 de setembro de 2023, às 17h, a exposição “O rio (e o voo) de Amelia no Rio”, com obras da grande artista Amelia Toledo (1926, São Paulo – 2017, Cotia, São Paulo) desenvolvidas no período em que viveu no Rio de Janeiro, nas décadas de 1970 e 1980, trazendo também uma seleção de obras mais recentes, que dão seguimento às experimentações que ela iniciou naquele período. São mais de 50 obras, em diversos meios, como pinturas, esculturas, objetos, aquarelas, serigrafias e desenhos, entre trabalhos históricos e outros inéditos, como pinturas e aquarelas criadas por Amelia Toledo na década de 1980. A artista e seu legado são representados por Nara Roesler.

Ponte permanente entre a natureza concreta da abstração moderna e a própria natureza, a pesquisa carioca de Amelia Toledo marca o desenvolvimento de uma obra pioneira, que poderia se qualificar como abstração ecológica. A artista, ao manter o mundo orgânico como fonte e destino de sua obra, foi renovadora das fontes organicistas da modernidade.

Além de trabalhos icônicos, como “Divino Maravilhoso – Para Caetano Veloso” (1971), um livro-objeto em papel, acetato e fotomontagem, dedicado ao cantor e compositor – um dos exemplos na mostra de seu caráter profundamente experimental, com um interesse voltado para formas orgânicas e linguagens pouco usuais, produzidos pela artista na década de 1970 “O rio (e o voo) de Amelia no Rio” reúne pinturas e aquarelas inéditas criadas na década de 1980, como as quatro obras da série “Anotações da Casa”, em acrílica sobre tela, em que a artista busca representar sua experiência com a luz, seu espaço criativo e sua morada no Rio de Janeiro. 

A diversidade de meios de Amelia Toledo é reveladora de um espírito voltado para uma investigação expandida das possibilidades artísticas. A partir dos anos 1970 a produção da artista ultrapassa a gramática construtiva, que fazia uso de elementos geométricos regulares e curvas, e passa a se debruçar sobre formas da natureza. Ela começa a colecionar materiais como conchas e pedras, e a paisagem passa a se tornar um tema fundamental de sua prática. Já a pintura da artista possui inclinações monocromáticas, revelando seu interesse pela pesquisa com a cor.

EMERGÊNCIAS – PÁGINAS DE JORNAIS COBERTAS POR ESTAMPAS DE MÃOS

Também estão na mostra obras da artista que integraram sua impactante individual em 1976, no MAM do Rio de Janeiro, “Emergências”: “Reunião” (1976), constituída por cinco painéis de 15 cm x 100 cm com moldagem em gesso; e as séries feitas com estampas de mãos ou pegadas de onça sobre páginas de jornal, que, ao mesmo tempo indicam rastros de uma presença, e obliteram a leitura das notícias. A mostra, de modo geral, e essa série, em particular, dialogavam com os tempos sombrios da ditadura então em vigor no Brasil. Exemplos desses trabalhos são  “Emergências” (1975), que deu nome à exposição, uma página de jornal com intervenções de várias mãos feitas com tinta de carimbo; e duas obras “Pegada da Onça” (1975) – uma serigrafia sobre jornal, e a outra com impressão de carimbo de pegada de onça em jornal. 

MOLDES DE CONCHAS DO MAR – PEDRAS E MINERAIS

Outros marcos da produção de Amelia Toledo criados no período em que viveu no Rio de Janeiro são as obras “Gambiarra” (1976), “O Cheio do Oco” (1973) e trabalhos da série “Frutos do Mar” (1982), em que a artista expõe moldes de conchas produzidos em poliéster à ação do mar, até que ficassem cobertos por  cracas e briozoários, conferindo a essas esculturas um aspecto vivo, e explorando o encontro entre o natural e o artificial. Esses trabalhos são resultado do aprofundamento de suas investigações sobre as relações entre arte e natureza, e elementos naturais passam a ser incorporados às obras. 

Nesse mesmo período, Amelia Toledo reinsere a pintura abstrata em sua prática, trazendo muitas de suas observações anteriores para o campo pictórico, que irá desenvolver até o fim da vida em séries como “Campos de Cor”, presentes na exposição com quatro pinturas em acrílica sobre linho ou juta; e “Pinturas de Horizonte”, três obras em tinta ou resina acrílica sobre linho. Nelas, a artista explora sobretudo a cor e a paisagem, presentes também em outras linguagens de sua poética, por meio de pinceladas gestuais delicadas

PEDRAS E MINERAIS

Dentre os trabalhos feitos posteriormente pela artista a partir das pesquisas iniciadas nos anos 1970 e 1980, estão presentes na exposição quatro trabalhos com pedras e minerais, que passaram a ser centrais na obra de Amelia Toledo a partir dos anos 2000.  A artista faz uso de pedras para investigar cores, brilhos, transparências e as variadas formas do que chamava de “carne da terra”. Amelia Toledo criou composições nas quais as peças coletadas das profundezas de cenários naturais são dispostas em variados arranjos, algumas em diálogo com materiais “modernos”, como o aço inoxidável. As rochas não foram submetidas a nenhum tratamento que alterasse suas características originais, sendo apenas polidas de modo a destacar seus desenhos internos feitos pelos delicados veios capazes de revelar sua temporalidade.

Desse conjunto, estão as duas obras da série “Impulsos” (bloco de quartzo rosa semipolido e de jaspe semipolida sobre concreto), “Minas de cor” (“Mina de luz II # 02”, 2006/2022, seixos de quartzo cristal e chapas de aço inox e cortén) e “Canto das ametistas” (2001), em aço inox e ametista. 

PROJETOS PÚBLICOS NO RIO DE JANEIRO

Além das obras públicas de Amelia Toledo em São Paulo – várias no Ibirapuera; no Metrô do Brás; e no Parque Vila Maria – a artista criou o Projeto Cromático, com 68 tons, que revestem as paredes da Estação Arcoverde do Metrô, em Copacabana, no Rio de Janeiro, premiado pelo Instituto de Arquitetos do Brasil. Em entrevistas dadas à época da inauguração, em 1998, ela disse que sua intenção foi fazer com que o público não se sentisse indo em direção ao fundo da terra. Na mesma Estação, ela indicou os materiais de acabamento e fez o painel de piso “Embarque na Estação Terra”, complementado pelo painel de aço inox “Por dentro da Terra”. E na Praça Arcoverde, em frente à Estação, ela fez a fonte/escultura “Palácio de Cristal” (1998), um bloco de quartzo rosa sobre espelho d’água, de 140 cm x 140 cm x 140 cm. 

SOBRE AMELIA TOLEDO

Amelia Toledo (1926, São Paulo – 2017, Cotia, São Paulo) iniciou seus estudos em arte no final dos anos 1930. Estudou com Yoshiya Takaoka (1909-1978) e Waldemar da Costa (1904-1982), e em seu período formativo tomou contato com algumas figuras-chave do modernismo brasileiro, como Anita Malfatti, de quem foi aluna, e o arquiteto Vilanova Artigas (1915), quando em 1948 trabalhou em seu escritório fazendo desenhos arquitetônicos. Este contato com figuras chave da arte moderna brasileira, assim como sua experiência no laboratório de anatomia patológica de seu pai, possibilitaram o desenvolvimento de um trabalho multifacetado que faz uso de diversas linguagens como escultura, pintura e gravura. Essa produção floresce, ainda, no convívio com outros artistas de sua geração, tais como Mira Schendel (1919-1988), Tomie Ohtake (1913-2015), Hélio Oiticica (1937-1980) e Lygia Pape (1927-2004).

 Ao longo de sua trajetória, a artista fez uso de variados meios e técnicas, transitando entre pintura, desenho, escultura, gravura, instalação e design de joias, sempre mantendo uma grande atenção às especificidades da matéria e à sua aplicação. Seu trabalho esteve alinhado, primeiramente, com a pesquisa construtiva, ecoando noções do neoconcretismo e as preocupações correntes na década de 1960, em especial o interesse pela participação do público, assim como o entrelaçamento entre arte e vida

Amelia Toledo participou de diversas exposições no Brasil e no exterior. Destacam-se entre suas mostras individuais recentes: “Amelia Toledo: 1958-2007”, na Nara Roesler (2021), em Nova York, Estados Unidos; “Amelia Toledo – Lembrei que esqueci”, no Centro Cultural Banco do Brasil SP (2017), em São Paulo; “Amelia Toledo”, na Estação Pinacoteca (2009), em São Paulo; “Novo olhar”, no Museu Oscar Niemeyer (2007), em Curitiba; e “Viagem ao coração da matéria”, no Instituto Tomie Ohtake (2004), em São Paulo. Principais coletivas recentes incluem: “Radical Women: Latin American Art, 1960–1985”, no Hammer Museum (2017), em Los Angeles, Estados Unidos; no Brooklyn Museum (2018), em Nova York, Estados Unidos; e na Pinacoteca do Estado de São Paulo (2018), São Paulo; “Modos de ver o Brasil: Itaú Cultural 30 anos”, na Oca (2017), em São Paulo; “30x Bienal: Transformações na arte brasileira da 1ª à 30ª edição”, na Fundação Bienal de São Paulo (2013), em São Paulo; “Um ponto de ironia”, na Fundação Vera Chaves Barcellos (2011), em Viamão, Brasil; e “Brasiliana MASP: Moderna contemporânea”, no Museu de Arte de São Paulo (2006), em São Paulo. Participou das bienais: 29ª Bienal Internacional de São Paulo, São Paulo (2010); 10ª Bienal do Mercosul, Porto Alegre (2015). Possui obras em importantes coleções institucionais como: Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa; Instituto Itaú Cultural, São Paulo; Museu de Arte Moderna de São Paulo, São Paulo; Museu de Arte de São Paulo, São Paulo; e Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo; entre outras.

SOBRE NARA ROESLER

Nara Roesler é uma das principais galerias brasileiras de arte contemporânea do Brasil, representando artistas brasileiros e latino-americanos influentes da década de 1950, além de importantes artistas estabelecidos e em início de carreira que dialogam com as tendências inauguradas por essas figuras históricas. Fundada por Nara Roesler em 1989, a galeria fomenta a inovação curatorial consistentemente, sempre mantendo os mais altos padrões de qualidade em suas produções artísticas. Para tanto, desenvolveu um programa de exposições seleto e rigoroso, em estreita colaboração com seus artistas; implantou e manteve o programa Roesler Hotel, uma plataforma de projetos curatoriais; apoia seus artistas continuamente, para além do espaço da galeria, trabalhando em parceria com instituições e curadores em exposições externas. A galeria duplicou seu espaço expositivo em São Paulo em 2012, e inaugurou novos espaços no Rio de Janeiro, em 2014, e em Nova York, em 2015, dando continuidade à sua missão de proporcionar a melhor plataforma possível para que seus artistas possam expor seus trabalhos.

Serviço: Exposição “O rio (e o voo) de Amelia no Rio”

Nara Roesler, Ipanema, Rio de Janeiro

Abertura: 12 de setembro de 2023, das 17h às 21h

Exposição até: 21 de outubro de 2023

Entrada gratuita

Rua Redentor, 241, Ipanema, Rio de Janeiro, CEP 22421-030
Segunda a sexta, das 10h às 19h
Sábado, das 11h às 15h

Telefone: 21 3591 0052
info@nararoesler.art

Comunicação: Paula Plee – com.sp@nararoesler.com

Canais digitais:

https://nararoesler.art/

Instagram – @galerianararoesler

Facebook – @GaleriaNaraRoesler

YouTube – https://www.youtube.com/user/galerianararoesler