MÚSICA

Por Renan Simões

 

Corra o risco (1978), álbum de estreia de Olivia Byington, é sobre intensidade. Com uma musicalidade à flor da pele, extensa tessitura vocal e emocionante sensibilidade, Olivia nos conduz por onze incríveis retratos musicais. A cantora é acompanhada pela banda A Barca do Sol, esta em seu melhor registro em álbum, e que se encarregou dos inesquecíveis arranjos e boa parte das composições – algumas das quais já gravadas pela banda em registros anteriores. A produção artística ficou por conta de Geraldo Carneiro, que também é coautor de nove músicas.

Fantasma da ópera, de Muri Costa e Geraldo Carneiro, inicia o registro de forma fulminante, à qual se segue a melodia tortuosa de Lady Jane, de Nando e Geraldo Carneiro, e a autêntica Corra o risco, que Olivia assina como coautora. A sequência central é muito bela, com Banda dos corações solitários, Cavalo marinho e Lobo do mar, cada qual em um universo sônico muito particular. Para muita intensidade, vale consultar Brilho da noite, de Nando e Geraldo Carneiro; para muita melancolia, vale consultar Água e vinho, de Egberto Gismonti e Geraldo Carneiro.

Mesmo os momentos sem graça, como Jardim de infância e Minha pena, minha dor, mantêm um brilhantismo de originalidade. O registro é finalizado de forma afoita, como uma bomba relógio terminando sua contagem regressiva, no delírio poético e musical de Luz do tango, de Astor Piazzola e Geraldo Carneiro. É realmente uma pena que a intensidade desse registro único não tenha influenciado a morna cena musical brasileira dos anos 80.

Olivia, Corra o Risco, extremos da expressão musical! Ouça, desfrute, reflita, repasse: