Entrevista com a Dra. Vandana Shiva

A Rádio Nonviolence conversou com a doutora em física e ecologista Vandana Shiva; uma grande ativista pela conservação e biodiversidade, defensora dos agricultores e dos direitos das mulheres, além de autora proeminente. Durante a entrevista, a dra. Shiva aborda um leque de assuntos, desde os perigos do filantrocapitalismo (assunto do seu mais novo livro Philanthrocapitalism and the Erosion of Democracy: A Global Citizens’ Report on the Corporate Control of Technology, Health and Agriculture, pela editora Synergetic Press) até o ecofeminismo. Em conversa com Stephanie e Michael ela expõe o que, na sua visão, é uma forma maligna de novo colonialismo, que propõe oferecer os benefícios dos ‘avanços’ tecnológicos que lentamente nos distanciam, colocando nossos corpos e mentes um contra o outro e contra a terra.

“Como o filantrocapitalismo está criando novas colônias? Como estão estabelecendo o primitivismo e a barbárie? E qual é a sua missão civilizatória? Se, na primeira colonização, a religião foi usada como propósito civilizacional, dessa vez as novas religiões são as ferramentas dos filantrocapitalistas. E o nível de violência utilizado para impor o uso de tecnologias digitais é inacreditável…

O que as novas colônias estão fazendo? A educação, que era um bem público, tornou-se uma nova colônia. Basta olhar as empresas de tecnologias de ponta, ver como elas estão crescendo, e como toda criança agora é forçada a sentar em frente a uma tela. Eu sempre me questiono sobre isso porque trabalho com agricultura, com jardins. Nós criamos os Jardins da Esperança nas escolas para abrir as mentes das crianças, para que se tornem seres humanos completos ao se tornarem um com a natureza. E eu sempre penso nas crianças que, dia sim e outro também, seguem prostradas frente a uma tela, com dados que mostram que seus olhos estão se esgotando”.

Felizmente, a dra. Shiva não titubeia perante os desafios, ela reconhece o poder que os seres humanos têm de criar mudanças, o poder que temos para nos unir apesar de nossas diferenças superficiais, e para evitar a armadilha divisiva da nova colônia e suas regras. Reconhecer essa humanidade compartilhada, nossa profunda conexão com a Mãe Natureza é o primeiro passo para gerar – juntos – soluções em comum para nossos problemas.

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Traduzido do inglês por Ana Carolina Carvalho /Revisado por Graça Pinheiro