REFLEXÃO

 

 

Por Sérgio Mesquita

 

 

Lendo o livro “O tempo de Keynes nos tempos do capitalismo”, do Luiz Gonzaga Belluzzo, deparo com uma descrição, segundo Keynes, de algumas das qualidades necessárias para que seja considerado um economista-mestre. Escrita no prefácio do livro por Sérgio Lírio da revista Carta Capital:

“O economista-mestre tem que possuir uma rara combinação de dons. Ele tem de ser matemático, historiador, estadista, filósofo – em algum grau. Ele tem que compreender símbolos e falar em palavras. Tem que contemplar o particular em termos do geral, e tocar o abstrato e o concreto no mesmo voo do pensamento.”

Segundo Sérgio: “Os atuais comentaristas econômicos, ao menos os brasileiros, já tem dificuldade para unir o sujeito e o  predicado, imagine ‘tocar o abstrato e o concreto’ ao mesmo tempo.”

Imaginemos esta definição, transportada e adaptada na Saúde, na Educação, no Planejamento, enfim, em todas as áreas de atuação, sejam municipais, estaduais ou federal. Não seria mais interessante? Mais participativo?

Keynes nos brindou com esta definição no começo do século XX e lemos e ouvimos nestes tempos atuais, a importância da intersetorialidade, da multidisciplinaridade como movimentos atuais, 2.0, 3.0, … como a solução para resolver os problemas sociais, econômicos e, em tempos de pandemia, um efetivo resultado contra a expansão da pandemia e o controle da COVID-19. Ou seja, para que reinventar a roda, se ela está aí para, a partir das atualizações necessárias, possamos avançar enquanto governos e sociedades cooperativas? Por que continuamos a nos render ao discurso fácil do individualismo, da meritocracia? Por que permitimos a existência de prefeituras dentro de Prefeituras, estados dentro Estados? Não seria um projeto mais bem realizado com eficiência e eficácia, se fossem de todos e não somente de um, se fosse participativo?

Assisti em uma palestra promovida pelo PNUD e a Petrobras, para os municípios que sofrem impactos diretos dos projetos da Petrobras, que a Prefeitura de Francisco Morato, com seis meses de governo, socializou entre seus funcionários a importância da Agenda 2030 da ONU. E realizou o seu PPA de forma participava com a sociedade. Ao final de seu primeiro mandato, a prefeita foi reeleita com mais de 90% dos votos e seu PPA cumprindo em 90%.

Todos os projetos foram pensados a luz dos indicadores dos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, da Agenda 2030 da ONU. O que permitiu a Prefeitura e a população identificar como importantes, naquele momento, ações a serem tomadas. Como a Agenda 2030 é totalmente interdisciplinar, e multidisciplinar e, em seu 17º ODS – Parcerias e meios de implementação, deixa claro que a existência de parcerias, interações e iteração são importantes. Imagine a redução do índice de mortalidade infantil, trabalhando-se somente no campo da Saúde, com bons equipamentos, atendimento e profissionais? Qual seria o impacto na mortalidade pós-natal se continuar a existir fome, não ter Educação, Segurança, Justiça e seus Direitos garantidos? Pode-se baixar o índice da mortalidade pré-natal, mas a falta de alimentação adequada e suficiente, a morte por alta criminalidade e falta de Justiça, deve aumentar com o índice de mortes no município.

Por isso, a definição do economista-mestre, deve ser inspiradora a todas as áreas de relacionamento humano.

Há Braços,

Sérgio Mesquita

 

“Tornar imperdoável o que hoje é aceitável”.

Délcio Teobaldo