Por Jennifer Bell

Um ano após o início da pandemia de coronavírus, algumas partes remotas do mundo permanecem em alguns dos mais rígidos lockdowns para conter a propagação do vírus, de acordo com o Índice de rigor sobre Resposta do Governo (Government Response Stringency Index, em inglês) desenvolvido na Universidade de Oxford.

A plataforma contém dados em relação a mais de 180 países e baseia sua pontuação em 20 indicadores diferentes de lockdowns, incluindo fechamentos de escolas, restrições sociais e proibições de viagens.

O índice de rigor também leva em conta as medidas de apoio econômico por parte dos governos, enquanto as políticas de teste e vacinação também desempenham um papel. Quanto menor for a pontuação de um país, menos rigorosas são as medidas.

Aqui está um retrato de algumas das medidas de lockdown mais rigorosas – e mais flexíveis – em todo o mundo.

Eritreia

No nordeste da África, o país da Eritreia estabeleceu algumas das medidas mais rigorosas do mundo para conter o coronavírus. Desde 1º de abril de 2020, o país, que abriga cerca de 6,3 milhões de pessoas, está sob lockdown total.

Região da Eritreia  / Este arquivo está licenciado sob Creative Commons Attribution-Share Alike 3.0 Unported

De acordo com o índice, as escolas estão fechadas, apenas locais de trabalho essenciais estão abertos e todos os transportes públicos cessaram. Em dezembro, o país proibiu o uso de carros particulares e “outros meios de transporte individual”, sem autorização. Todas as fronteiras permanecem fechadas e há restrições às reuniões de mais de 11 pessoas.

A polícia e os grupos de vigilância da vizinhança fazem cumprir as regras, e os moradores foram alertados que restrições adicionais são possíveis.

Líbano

O Líbano também tem uma das maiores medidas de lockdown, com eventos públicos cancelados, medidas rigorosas para permanência em casa e até mesmo exigência de autorizações para ir ao supermercado.

Existem restrições para evitar reuniões em grupo e medidas para trabalhar em casa que permanecem em vigor para alguns setores.

Antes mesmo de iniciar uma campanha nacional de vacinação, o Líbano já recebeu seu primeiro lote de vacinas contra o coronavírus, em virtude de um aumento acentuado de casos e mortes nas últimas semanas.

Venezuela

Na costa norte da América do Sul, a Venezuela – que abriga cerca de 28,5 milhões de pessoas – também tem uma das maiores medidas de lockdown em vigor.

Fila para abastecer gasolina durante a COVID-19 em Miranda, Venezuela / Usuário:Oscar / CC BY-SA 4.0

Todas as escolas – do ensino fundamental ao superior – permanecem fechadas e todos os locais de trabalho não considerados essenciais estão fechados. Eventos públicos também permanecem cancelados e medidas para permanecerem em casa estão firmes no caso, com apenas algumas exceções rigorosas permitidas.

Abalado por anos de crise econômica, o presidente do país, Nicolás Maduro, ordenou uma quarentena nacional dias após os primeiros casos de COVID-19 serem registrados em março do ano passado.

Atualmente, o país está se preparando para iniciar as vacinações com a vacina Sputnik V.

Reino Unido

Apesar de flexibilizar algumas medidas de lockdown, vastas restrições ainda são aplicadas na Grã-Bretanha.

Cidade de Londres / Esta obra foi lançada em domínio público por seu autor, Mewiki. Isto se aplica a nível mundial.

Em novembro, o Reino Unido entrou em seu segundo lockdown em meio a temores de que seu serviço de saúde público sofresse um colapso com novas ondas de infecção.

Uma ordem de permanecer em casa e o fechamento de todas as lojas não essenciais estão em vigor. Muitas pessoas continuam trabalhando em casa, enquanto as escolas permanecem fechadas.

Existem algumas exceções à regra. As pessoas podem sair de casa para se exercitar ao ar livre sozinhas ou com outra pessoa que não pertença à família.

Esta semana, o primeiro-ministro Boris Johnson revelou um plano para flexibilizar o lockdown na Inglaterra até 21 de junho, se “condições rigorosas” forem cumpridas.

O Reino Unido registrou algumas das maiores taxas confirmadas de infecções e mortes no mundo. Até o momento, mais de 4,1 milhões de casos, incluindo mais de 120.000 mortes, foram relatados desde o início da pandemia.

Tanzânia

Nem todos os países optaram por aplicar medidas de lockdown. De acordo com o índice, a Tanzânia tem algumas das medidas mais flexíveis em vigor; uma abordagem que atraiu a preocupação mundial dos chefes de saúde.

De acordo com o índice, embora as escolas tenham “recomendações” para fechar, isso não é obrigatório. Eventos públicos, locais de trabalho e transportes públicos permanecem abertos.

John Magufuli, Presidente da Tanzânia / Issa Michuzi / issamichuzi.blogspot.co.uk / CC BY-SA 2.0

Não há nenhuma restrição de circulação ou requisitos para viajar ou de permanecer em casa.

No entanto, a estratégia de regras flexíveis está mudando.

Esta semana, o presidente da Tanzânia finalmente reconheceu que seu país tem um problema de coronavírus após alegar por meses que a doença havia sido derrotada pela oração.

O presidente populista John Magufuli pediu no domingo que os cidadãos do país da África Oriental tomem precauções e até usem máscaras – mas apenas as feitas localmente. Durante o curso da pandemia, ele expressou cautela com relação a produtos feitos no exterior, incluindo vacinas de COVID-19.

A Tanzânia não atualiza seu número de infecções por coronavírus desde abril.

O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde, Tedros Adhanom Ghebreyesus, juntou sua voz aos crescentes apelos para que a Tanzânia reconheça a COVID-19 pelo bem de seus cidadãos, países vizinhos e do mundo, especialmente depois que vários países relataram que visitantes que chegam da Tanzânia testaram positivo para o vírus.


 

Traduzido do inglês por Doralice Silva / Revisão por Larissa Dufner

O artigo original pode ser visto aquí