Escrevo sem saber a história, sem conhecer o desenrolar dos fatos.

Escrevo depois de ter lido o título e visto a foto.

Escrevo sem poder imaginar o medo do Emerson, seu desamparo total em um mundo incompreensível, onde a dor domina absoluta.

Escrevo sentindo-me envolvido pelo abraço-irmão dos braços de Raimundo, um verdadeiro abraço-mundo, para anular o medo, para sentir e experimentar junto a eternidade de um instante.

O ar, empurrado à força por máquinas e vapores, encontra as portas dos pulmões fechadas.

Emerson se aninha nos braços abertos da presença muda do amparo cósmico.

Raimundo abraça Emerson, e Raimundo se faz mundo;

Emerson no mundo construído para ele por Raimundo.

Enquanto lá fora o mundo desmorona, enquanto o ar se apaga e esvanece para sempre, meus olhos choram no abraço de Emerson e Raimundo: imagem religiosa e demasiadamente humana, o abraço é tudo que nos resta, o amparo amigo, oração da vida no aconchego de Deus.

Emerson e Raimundo, heróis do Brasil.