Por Domênica Rodrigues

 

Nesse final de semana entre os dias 27 e 30 de novembro aconteceu o quinto fórum Humanista latino-americano, que contou com a presença de pessoas de vários países e com a apresentação de muitos painéis que se seguiram nesses 2 dias e meio discutindo assuntos desde periferia e descolonização, renda básica universal, povos originários e espiritualidade. O objetivo do fórum definido por Silo desde o primeiro em 1993 para ele o fórum deveria ser um espaço para pensar de forma coletiva sobre os problemas sociais a nível global e junto com ele as estratégias para superá-los.

“O fórum Humanista tem por objetivo estudar e assumir posição sobre os problemas globais do mundo atual. Desde esse ponto de vista, é uma organização cultural no sentido amplo que se preocupa por relacionar estruturalmente os fenômenos da ciência, da política, da arte e da religião. O Fórum Humanista faz da liberdade de consciência e da ausência de prejulgamento ideológico a condição indispensável para o trabalho de compreensão dos complexos fenômenos do mundo contemporâneo.” Silo, 1993

Nesse quinto fórum o que se destacou além dos 30 painéis e as mais de 27 redes e os 90 expositores simultâneos foi a vontade das pessoas de estarem juntas e querer e pensar em uma américa latina antirracista e anti patriarcal, entendendo que essa mesma américa precisa ser um espaço que respeite suas diversidades, saindo do modelo euro centrado de pensar o ser e o fazer nesse lado do globo.

Os jovens garantiram um lugar de destaque nesse encontro que nos presenteou com a criação da rede de juventude humanista da América Latina, e discutiram estratégias globais para a criação de um mundo para a juventude com menos violência e menos racismo em todas as partes da América Latina. Todos os debates foram muito intensos em cada sala virtual o dificultou a apreciação de todas as salas ofecidas de forma autogestionadas por redes previamente criadas. Para os participantes essa simultaneidade levou a crer que a necessidade de espaços que debatam temas densos, mas, sem polaridade e com o cuidado de atentar para as questões do dia a dia são necessários e que, esses espaços precisam ser acima de tudo duradouros.

Na plenária final cada rede apresentou suas propostas de ação concreta e de continuidade, entre as apresentações vídeos que apresentaram a diversidade cultural desse espaço latino e o que mais se expos foram as questões ligadas a defesa da floresta e de seus povos.

Para Vinicius Pereira do Brasil, esse fórum foi um desafio porque não teríamos a garantia do fluxo de pessoas como se fosse um evento presencial, no entanto, o trabalho prévio de mobilização facilitou a frequência e a presença simultânea das pessoas no evento, segundo ele: “o grande desafio desse fórum foi a mobilização porque trazer público, ficou a cargo de cada rede que no miudinho foi construindo estratégias de chamar atenção dos participantes para estar juntos e juntas, para estar no fórum.”

Com isso, pode-se observar que tiveram mais de 400 pessoas circulando em todas as salas, mais de 100 convidados debatedores humanistas e de movimentos sociais de toda América Latina e Europa, pessoas que querem pensar um mundo mais igualitário, mais humanizado, mais limpo e possível para todas e todos.

As saudações de PAZ, FORÇA E ALEGRIA nunca foram tão necessárias para as urgências numa América tão polarizada como a que estamos vivendo agora, num momento político onde os povos a maioria da população não é sequer vista a demais ouvida, num momento em que se mata mais mulheres só por serem mulheres trans, indígenas, caboclas, quilombolas, periféricas, crianças, jovens na mesma condição étnica e territorial, pessoas que vivem à margem de uma sociedade negroptica, eurocentrada, racista e patriarcal, essa mesma que abandonam pessoas idosas só por serem idosas e matam só por serem pobres e periféricos, que expulsam agricultores e agricultoras de seus territórios, que queimam as florestas e inundam cidades pelo bem de uma soma para fortalecer um capital que não serve à todas. Foi possível perceber há necessidade urgente e construir espaços distanciados do modelo hegemônico de pensamento e de realização de ações/ encontros mais ampliados a partir das construções mais votadas para um modelo de humanismo descolonial.

Paz, força e alegria.