A história da Colômbia tem se caracterizado pela existência de condições de conflitos, difíceis e perigosas, para os movimentos sociais, sindicais, de trabalhadores/as rurais, indígenas e afrodescendentes, que ampliam a possibilidade de consolidar um pensamento crítico em geral. Partidos políticos de oposição têm sido exterminados, literalmente, por exercer seu direito a propor opções políticas alternativas aos grupos tradicionais no poder. A situação política que vive a Colômbia neste atual governo se caracteriza por uma intensificação das ameaças e assassinatos de lideranças sociais, desmobilizados das FARC, defensores dos direitos humanos, e opositores das políticas do Centro Democrático, sem que exista uma intervenção direta e decidida do Governo Nacional para responsabilizar os autores dos crimes, capturá-los e condená-los. A situação de confinamento vivida no contexto da pandemia afeta substancialmente as possibilidades de se manifestar publicamente a rejeição da situação de violência generalizada que aumentou ao longo do ano.

Neste cenário, a Federação Colombiana de Trabalhadores da Educação (FECODE), seus dirigentes e os mais de 359 mil docentes quefazem parte dela têm sido alvos de ataques reiterados por parte de atores e partidos políticos de extrema direita que apoiam o governo por meio da exacerbação de um discurso violento que termina justificando ações extremas contra o pensamento crítico e que conduziram ao assassinato de professores e professoras em diferentes regiões do país.

No caso colombiano, a luta pelo direito à educação se sobrepõe à luta pelo direito à vida. Por essa razão, as organizações que assinam abaixo expressamos nossa mais radical rejeição a estas manifestações de violência e pedimos ao governo colombiano que mostre resultados contundentes nas investigações, e à comunidade internacional que exerça uma vigilância rigorosa sobre a situação vivida pelos professores e professoras da Colômbia, especialmente os integrantes da FECODE, a quem manifestamos toda nossa solidariedade e apoio nestas difíceis circunstâncias.

O que hoje é denunciado não é um fenômeno puramente conjuntural, mas sim uma prática política com lamentáveis efeitos culturais que consolidaram a naturalização da violência e do extermínio físico dos oponentes, como meios para impedir a conquista das reivindicações democráticas mínimas exigidas pelo povo colombiano que sofre os efeitos da desigualdade. O chamado é para parar, de uma vez por todas, a impunidade existente diante deste tipo de
acontecimentos.

Nenhum processo de paz poderá ser construído enquanto não forem detidas a violência, as perseguições e os assassinatos que cada dia deixam de luto o povo colombiano –junto com toda a América Latina e o Caribe –que levanta sua voz para exigir proteção para os líderes sociais, especialmente para os professores e professoras, e justiça para todas as vítimas do conflito.

Assinam:

Campaña Latinoamericana por el Derecho a la Educación (CLADE); Red Latinoamericana de Estudios sobre Trabajo Docente (RED ESTRADO); Campaña Mundial por la Educación (CME); Grupo de Trabajo de CLACSO Políticas Educativas y Derecho a la Educación; Internacional de la Educación América Latina (IEAL); Agencia Pressenza; Marcha Global contra el Trabajo Infantil -Sudamérica; Asociación Latinoamericana de Educación y Comunicación Popular (ALER); Colectivo de Educación para Todas y Todos de Guatemala; Organización Mundial para la Educación Preescolar (OMEP); Contrato Social por la Educación –Ecuador; Campaña Peruana por el Derecho a la Educación (CPDE); Action Aid; Agenda Ciudadana por la Educación de Costa Rica; Campaña Argentina por el Derecho a la Educación; Campaña Boliviana por el Derecho a la Educación; Campaña por el Derecho a la Educación de México; Federación Internacional Fe y Alegría; Oxfam IBIS; Reagrupación Educación para Todos y Todas (REPT) Haití; Espacio Sin Fronteras; Foro Venezolano por el Derecho a la Educación; Red global/Glocal por la Calidad Educativa FIVEDE; Centro Internacional de Investigaciones Otras Voces en Educación; Coalición Colombiana por el Derecho a la Educación.