Geralmente o maior obstáculo para o homo sapiens fazer uma coisa é ela ainda não ter sido feita. “Bem, claro que parece muito fácil, mas não sei, não. Eu nunca vi isso ser feito e o amigo do meu primo soube que era impossível.”

O melhor meio de derrubar esse obstáculo é a coisa que precisa ser feita já ter acontecido. “Impossível ou não, acabamos de fazer a 1 metro de onde você está agora, enquanto você estava aí. Aqui está o vídeo.”

A melhor chance que o homo sapiens tem de sobreviver inclui reconverter a indústria assassina da guerra, que esgota recursos, que destrói o meio ambiente e o clima, que alimenta o ódio, que permite a oligarquia, que justifica os segredos e que facilita o holocausto nuclear em empreendimentos pacíficos direcionados a proteger e beneficiar a humanidade e a Terra. Mas quem não tem um primo cujo amigo ouviu dizer que é impossível?

Eu só sei de uma pessoa concorrendo a um cargo federal nas próximas eleições americanas cuja campanha fala sobre esta reconversão: Lisa Savage, a candidata do Maine ao Senado. Eu perguntei a ela a respeito e ela rapidamente sinalizou que a reconversão já havia acontecido — em pequena escala. Tudo o que precisa ser feito agora é esta reconversão acontecer em uma escala maior.

Lisa e muitos outros ativistas no Maine pressionam há anos o estaleiro Iron Works, localizado em Bath, a se reconverter. O estaleiro faz navios de guerra e é propriedade da General Dynamics, grande negociante de armas.

Por anos, a resposta sempre foi: Impossível! Nunca vai acontecer! Um sonho maluco esquerdista! Não pode ser feito! Complicado demais! Por que vocês odeiam nossos funcionários?

Por anos, as réplicas pacientes foram: Nós sabemos como reconverter há décadas. A reconversão gera mais empregos. A reconversão poupa tanto dinheiro que nós conseguimos dar assistência para cada pessoa na transição. Já foi feito antes em outras décadas e em outros países. Não é difícil como construir foguetes — na verdade poderíamos até acabar com a construção de foguetes no processo se você quisesse.

Mas quando a pandemia do Coronavirus começou, e o Senhor “Tapar o Sol Com Uma Peneira” na Casa Branca preferiu não levar a sério, o dinheiro começou a pingar do Congresso para mitigar o desastre. O Senador Angus King fez umas ligações e quase sem demora ou dificuldade aparente, o estaleiro de Bath concordou em imediatamente começar a fabricar máquinas para produzir cotonetes especiais usados para testes relacionados ao Coronavirus. Várias empresas menores se envolveram no plano com pouca dificuldade. E antes que você pudesse dizer “impossível”, a reconversão já havia acontecido. Uma negociante de armas estava envolvida com assistência médica.

O governo americano é o maior comprador de armas do mundo. Se ele dá a empresas de armas o dinheiro pelo qual elas cuidadosa e apropriadamente subornaram e fizeram lobby, mas diz a elas para fabricar trens e painéis solares, na verdade não há dúvida alguma sobre o que elas vão dizer. Elas vão pegar o dinheiro e fazer trens, painéis solares e qualquer coisa que mandarem fazer — boas ou ruins. Elas podem fazer essas coisas novas um pouco melhor do que fazem armas, porque não há base para sigilo e há múltiplos compradores criando algum grau de concorrência. Mas, não duvide, elas vão fabricar os trens e os painéis solares.

Tudo que seria preciso seria tratar a crise do clima como uma crise. Ora, isso poderia ser feito sequer sem nenhuma ambição, já que na verdade é uma crise — o que nos pouparia o trabalho de criar histórias fantásticas sobre uma Ameaça Russa ou uma ameaça iminente da China.

Nós poderíamos acelerar a reconversão, claro, se nós não só reconhecêssemos o problema em questão — como destruição ambiental, pandemia, pobreza — etc., como uma emergência, mas também reconhecêssemos a necessidade de acabar com a guerra como uma emergência.

Eu sei que o governo americano é a instituição mais provável do planeta a arruinar isto. Afinal, a comitiva Trumpista, sem máscaras, fez um passeio na fábrica de cotonetes nasais no Maine, e tiveram que parar a produção e jogar fora os cotonetes que haviam produzido naquele dia. Mas se a reconversão estivesse na lista de prioridades em Washington, mesmo que consideravelmente abaixo de fotos armadas de campanha, o mundo seria um lugar mais seguro.


Traduzido do inglês por Adriano Neves / Revisado por Marcella Santiago

O artigo original pode ser visto aquí