ENTREVISTA | ILUSTRAÇÃO

 

 

Dayse Gomis, 35 anos é a nova colaboradora do caderno de cultura da Pressenza. Artista Plástica pela Universidade Metodista Bennett do Rio de Janeiro, se descobriu uma prolífica desenhista ao comprar um tablet, há nove anos.

–Como descobriu sua habilidade para a ilustração?

–Encontrei no tablet, um app, uma espécie de caderno de desenho que tinha opções de reproduzir. Comecei a tentar e foi dando “certo”.

–O que te leva a criar, a desenhar, qual sua motivação?

–Identifico em minha trajetória de ativista que os traços “falam” de forma mais didática do que muitas das vezes minhas palavras. As ações políticas negativas e positivas em meu cotidiano me motivam a fazer denúncias ou celebrações.

–Sua arte é militante?

–Sim, integralmente. Ao iniciar pela composição. Ao representar minhas personagens o protagonismo é de pretx, obesxs, gays, trans, cadeirantes, faveladxs, indígenas, mulheres…

–A Casa das Pretas, do que se trata? Quando foi fundada? Que projetos dali saem pro mundo?

–Sou voluntária e parceira na Casa, não trabalho diretamente. Mas posso informar que a Casa das Pretas é um espaço de encontros, acolhimento, de produção e prática de saberes específicos da vivência das Mulheres Negras. Foi fundada dia 20 de abril de 2017. Diversos Encontros e desdobramentos são feitos e em diferentes áreas. Para não deixar dúvida do que é e o que move conferem a pagina e site da Casa. Security Check Required @casadaspretas

–Cite uma artista, escritora, uma pessoa pública, ou referência política.

–Temos uma mulher importantíssima que me encanta: Carolina Maria de Jesus. E gosto muito das que escrevem e fazem denuncias em forma de canção: Nina Simone, Elza Soares, Leci Brandão, Loïs Mailou Jones

–Certa vez vc me contou que desenha direto na tela do celular e que ali se sentia mais segura do que com lápis ou tintas. Vc acha que viramos uns ciborgues, nos relacionamos mais com telas e vídeos do que terras, tintas e meios de expressão tradicionais?

Os traços e filmes são minhas formas de expressão favoritas e eu sou um ser ainda não programada por inteiro. Fui gerada de sete para oito meses. Acho que tenho mais limitações que outras pessoas, que tenho mais ansiedades. Acho que não consigo acessar – na memória – e com segurança, lugares e “coisas” que outras pessoas, conseguem.

–Se pudesse gritar ao mundo três palavras que ficassem ecoando no ar por um ano, quais seriam?

1) LIBERDADE, 2) AMOR, 3)PODER

–Que territórios vc mira conquistar?

–O mundo! Sou Dayse Gomis, tenho inseguranças absurdas e fortes desejos incalculáveis. Medos que não consigo descrever e coragem enlouquecida que só cabe em meu ser.


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