Centro-direita deve ficar com 177 dos 751 assentos do Parlamento; verdes tiveram crescimento expressivo em especial na Alemanha

Crescimento dos partidos ambientalistas e da extrema direita, em uma eleição com participação recorde. Este é, de acordo com os primeiros números, o resultado da jornada eleitoral concluída neste domingo (26/05) em toda a União Europeia, que foi às urnas escolher os novos eurodeputados do Parlamento. A apuração deve entrar a madrugada e o número de cadeiras ainda pode mudar.

A grande expectativa recaía sobre o embate entre os partidos europeístas e nacionalistas, em um clima de incerteza sobre o futuro da UE, em meio às negociações para a saída do Reino Unido do bloco. De acordo com as projeções e pesquisas de boca de urna, o Grupo do Partido Popular Europeu (Democratas-Cristãos, centro-direita), chamado de PPE e do qual faz parte o CDU, da chanceler alemã, Angela Merkel, deve ficar com 177 dos 751 assentos do Parlamento Europeu, cerca de 50 cadeiras a menos do que atualmente.

Apesar de mais votados, os eurodeputados do PPE não conseguirão formar maioria apenas com os socialistas do S&D, o Grupo da Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas no Parlamento Europeu, do espanhol PSOE e do britânico Partido Trabalhista, que pode conquistar 147 cadeiras, também cerca de 50 a menos. Juntos, eles teriam somente 324 assentos. Mas eles podem manter seu histórico controle do Parlamento Europeu se conseguirem cooptar os liberais do ALDE (composto pelo movimento En Marche, do presidente francês, Emmanuel Macron, e pelo espanhol Ciudadanos), que devem obter pouco mais de 100 assentos, e talvez os verdes.

Na onda dos recentes protestos da jovem sueca Greta Thunberg, as legendas ambientalistas foram capazes de reunir o voto dos jovens, dos progressistas e dos socialistas desiludidos. Os “verdes” podem ficar com 70 das 751 cadeiras do Parlamento Europeu, crescendo pouco mais de 20 cadeiras.

A Esquerda Unitária Europeia, que aglutina partidos de esquerda, deve perder assentos e obter 41 cadeiras. Atualmente, o agrupamento tem 52.

Por sua vez, unidas em torno da ENL, a Europa das Nações e da Liberdade, as legendas nacionalistas e de extrema direita apresentaram crescimento em vários países, como na França, onde o Agrupamento Nacional, de Marine Le Pen, desponta como o mais votado, com 23,2% dos votos. A lista do qual faz parte o A República em Marcha (LREM), do presidente francês Emmanuel Macron, terminou em segundo, com 22,4%.

As projeções indicam que a ENL, composta também pela Liga Norte, de Matteo Salvini, pode se tornar uma força considerável no Parlamento Europeu, com 57 assentos, ao contrário dos 39 que possui atualmente. Mas os blocos nacionalistas e conservadores (ECR, ENL e EFDD), mesmo somados, chegariam a 172 eurodeputados, dos 751 totais que formam a Casa.

Países

Na Alemanha, a maioria ficou para o CDU, com 28% dos votos, apesar de uma queda de oito pontos em comparação com os resultados de 2014. Os Verdes, por outro lado, dobraram em popularidade, ficando em segundo lugar com 20%.

Já os socialdemocratas do SPD perderam 12 pontos, terminando com 15,5% dos votos. O partido de extrema direita e anti-imigração Alternativa para a Alemanha (AfD) ganhou 3,5 pontos, conquistando 10,8% do eleitorado.

Na Áustria, o partido conservador do chanceler Sebastian Kurz, OVP, ficou na liderança, com 34,5%, registrando um aumento de 7,5 pontos em relação a 2014. Seus antigos parceiros de coalizão, FPÖ, retrocederam dois pontos, terminando a corrida com 17,5%.

Na Hungria, país que vem vivendo conflitos com as instituições europeias, o partido Fidesz, do primeiro-ministro ultranacionalista Viktor Orban, teve 56% dos votos. Na Grécia, os conservadores da Nova Democracia terminaram na liderança, com 33,2%, batendo o Syriza, de esquerda – e atualmente no governo – que ficou com 24%.

O partido conservador e no poder na Polônia conseguiu a vitória nas eleições europeias frente a uma aliança de partidos da oposição. O Direito e Justiça (PiS) obteve o apoio de 42,4% dos eleitores, ficando com 24 dos assentos no parlamento europeu, à frente da Coalizão Europeia (39,1% e 22 assentos).

Comparecimento

Houve recorde de comparecimento dos eleitores. Segundo dados de Bruxelas, a média europeia de afluência ficou acima dos 50%, a mais alta dos últimos 20 anos. Na Alemanha, por exemplo, mais de 60% eleitores votaram, o maior índice desde a reunificação, em 1989.

A Eurocâmara estima em 427 milhões o número de cidadãos em idade de participar da votação, o que faz desse pleito o segundo com mais eleitores no mundo, atrás apenas das legislativas na Índia.

“O número estimado de participação se aproxima agora de 51% para a UE, a mais alta em 20 anos”, disse o porta-voz do Parlamento, Jaume Duch. As eleições registraram em 2014 sua pior taxa, com 42,6%. Desde as primeiras votações em 1979, quando a participação foi de 62%, a afluência caiu progressivamente e, em 1999, passou para abaixo do patamar de 50%.

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