Cuba ratificou hoje a vocação solidária e humanista demonstrada por seus profissionais da saúde em dezenas de países, ao anunciar a saída do Programa Mais Médicos do Brasil, após condicionamentos adiantados pelo presidente eleito, Jair Bolsonaro.

‘Os povos de Nossa América e do resto do mundo conhecem que sempre poderão contar com a vocação humanista e solidária de nossos profissionais’, afirmou em uma declaração o Ministério de Saúde Pública da ilha.

A instituição qualificou a situação de lamentável realidade, e divulgou que a decisão foi comunicada à Organização Pan-americana da Saúde (OPS) e aos líderes políticos brasileiros que fundaram e defenderam esta iniciativa.

Não é aceitável que se questione a dignidade, a profissionalidade e o altrísmo dos colaboradores cubanos que, com o apoio de suas famílias, prestam serviços em 67 países, advertiu.

De acordo com dados oficiais, em 55 anos mais de 400 mil trabalhadores da saúde cumpriram milhares de missões internacionalistas em 164 nações.

Destacam-se as façanhas da luta contra o ébola na África, a cegueira na América Latina e o Caribe, o cólera no Haiti e a participação de 26 brigadas do Contingente Internacional de Médicos Especializados em Desastres e Grandes Epidemias ‘Henry Reeve’ em Paquistão, Indonésia, México, Equador, Peru, Chile e Venezuela, entre outros países.

Como parte dos mais Médicos, no último período cerca de 20 mil colaboradores cubanos atenderam a 113.359 mil pacientes em uns 3.600 municípios, ‘chegando a se cobrir por eles um universo de até 60 milhões de brasileiros’, destacou o Ministério de Saúde Pública.

Em um momento, os médicos da ilha constituíram 80 por cento de todos os participantes em um programa criado em 2013 pela então presidenta do Brasil, Dilma Rousseff, com o objetivo de garantir a presença de médicos nacionais e estrangeiros em zonas pobres e afastadas do país sul-americano.

O trabalho dos profissionais cubanos em lugares de pobreza extrema, em favelas do Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador de Bahia, nos 34 Distritos Especiais Indígenas, sobretudo na Amazônia, foi amplamente reconhecida pelos governos federal, estaduais e municipais, e por sua população.

Segundo um estudo encarregado pelo Ministério de Saúde do Brasil à Universidade Federal de Minas Gerais, a aceitação desse trabalho chegou a 95 por cento.

Bolsonaro com referências diretas, depreciativas e ameaçadoras à presença de nossos médicos, tem declarado e reiterado que modificará termos e condições do Programa Mais Médicos, com desrepeito à OPS e ao convênio desta com Cuba, denunciou a declaração emitida aqui.

O recém-eleito presidente questiona a preparação dos médicos da maior das Antilhas e condiciona sua permanência no programa ao revalida do diploma, empregando como única via a contratação individual.

Leia íntegra da declaração do Ministério de Saúde da Cuba

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