Por Isadora Gomes

O desconhecimento e o preconceito alimentam o medo e o ódio que derrubam a ponte entre as Culturas Ocidentais e o Oriente Médio. O incidente terrorista ocorrido em Manchester, no Reino Unido, no dia 22 de maio, deste ano, evidenciou mais uma vez o termo “terrorismo islâmico” nos diversos discursos. Das conversas cotidianas aos pronunciamentos midiáticos e/ou políticos, o termo é amplamente empregado. 

Em meio a esse ambiente de pavor e impotência instaurado, o Islã é, irresponsavelmente, colocado como o inimigo principal, numa fórmula desastrosa, onde mais pessoas estão expostas a repercussões negativas motivadas por ações e pensamentos extremistas e alienados.   

A aversão ao Islã ou, simplesmente aos mulçumanos, o que de forma genérica resume a islamofobia, começou a se disseminar com os ataques aos Estados Unidos em 11 de setembro de 2001 e têm se consolidado a cada ataque terrorista, independente da autoria e motivação do ato, nos países ocidentais desde então.  

O ataque na Manchester Arena, que deixou 22 mortos e 116 feridos, é o mais grave ocorrido no Reino Unido desde julho de 2005, segundo a France Presse. Um homem-bomba, Salman Abedi, detonou um artefato caseiro na saída do show da cantora americana Ariana Grande 

Esse é o segundo atentado terrorista registrado no Reino Unido em 2017. Em março, um terrorista atropelou um grupo de pessoas na frente do Parlamento britânico. Os dois incidentes tiveram a autoria reivindicada pelo grupo Estado Islâmico, mas a polícia não encontrou evidências de associações entre os autores e a organização extremista.  

Os atentados associados ao terrorismo fundamentalista islâmico (jihadista) fortalecem posições extremas contra o avanço do multiculturalismo e da imigração muçulmana, embasando as ideias defendidas pelos movimentos de extrema-direita. Ironicamente, os terroristas dos dois atentados realizados no Reino Unido eram britânicos, o que abalam esses argumentos. 

A ideia de combater o terror com mais ignorância e intolerância podem alimentar uma cadeia cíclica de violência. Todos esses ataques terroristas e a reação representam um alerta contra o desrespeito à pluralidade cultural dos povos e não contribuem com a formação de uma cultura mais tolerante à diferença.