Por: Juan Pablo López Alarcón – Sociólogo chileno

Os pescadores e as comunidades de Chiloé (maior ilha do Chile) afetados pelo desastre ambiental e econômico da semana passada continuam em greve há vários dias. Segundo o governo, a causa tem um nome só: a maré vermelha.
A maré vermelha é uma proliferação excessiva de microalgas tóxicas que são absorvidas pelos moluscos que filtram a água, comprometendo as cadeias alimentares que demendem deles, ou seja, é um fenômeno natural que produz uma aglomeração de micro-organismos dinoflagelados chamados “Pyrrophyta”. Segundo os especialistas o aumento deste fenômeno nos oceanos está fortemente influenciado pela corrente de “El Niño”, no entanto, está indiretamente influenciado pelo aquecimento global.

Alguns líderes locais e pesquisadores afirmam que a maré vermelha não pode gerar a morte de lobos marinhos, lontras, gaivota, patos e outras espécies maiores encontradas na zona afetada. Nessa linha, o governo continua informando a sua versão da maré vermelha, porém os pescadores responsabilizam as empresas que cultivam salmões. Elas são acusadas por jogar mais de 5 mil toneladas de salmões contaminados nos quais se usaram elementos químicos como o amoníaco, perto da costa há pouco mais de um mês.

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Do ponto de vista científico, se afirma que os nutrientes dos detritos da pesca descartados aumentam a quantidade da alga associada à maré vermelha, onde existiria uma responsabilidade inquestionável da indústria salmoneira.

Alguns das imagens das praias cheias de peixes mortos que foram subidas à internet são tao impactantes que deixam espaço justificadamente à duvida respeito as causas diretas das mortes.

Chile ainda não conta com um sistema de monitoramento adequado da temperatura do oceano na zona, e portanto, que permita fazer comparações com dados anteriores, alertam os biólogos marinhos.

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A catástrofe transformou-se com o passar do tempo não só em uma emergência ambiental, como também sanitária e social. O ministério da saúde chileno recomendou recentemente evitar o consumo de mariscos ou que os consuma com uma autorização dos laboratórios do ministério. Já foram registrados três casos de intoxicação relacionados com o acontecimento. Os sintomas característicos em caso de intoxicação leve são os seguintes: uma espécie de adormecimento dos lábios, formigamento nos dedos e extremidades e enjôos. Em casos mais graves, ocorrem dificuldades respiratórias e uma paralisia progressiva nas extremidades, segundo os especialistas.

Por outro lado, as comunidades recusaram a ajuda que o governo ofereceu de 220 dólares por danos sofridos pelas famílias, já que a pesca é a principal fonte de ingressos nessa região. Elas se mantém mobilizadas até que o “Servicio Nacional de Pesca y Acuicultura” (SERNAPESCA) e as autoridades encargadas pela fiscalização das empresas do setor, se comprometam a investigar as verdadeiras causas da tragedia.

Outros setores da sociedade estão solidarizando com os chilotes, como os estudantes, ganhando mas visibilidade e se convertendo progressivamente em um movimento social com alcance maior, com presencia nos principais mídias internacionais.