Artur Mas diz que região ‘tem afeto pela Espanha, mas já não confia no Estado’

São Paulo – O presidente do governo autônomo da Catalunha, Artur Mas, confirmou hoje (25) que manterá o roteiro acordado com seus parceiros do partido Esquerda Republicana, o qual prevê a convocação da consulta “legal” sobre o “futuro político” da região em 2014.

Em sessão do Parlamento catalão, Mas afirmou que “seguirá até o fim” com seu plano de realizar a consulta e está disposto a utilizar todos os “instrumentos democráticos e legais” para consegui-lo, inclusive a convocação de eleições, que não descarta realizar antes de 2016, a data prevista inicialmente.

O presidente catalão, entretanto, não esclareceu qual será o conteúdo da pergunta feita na consulta. Ele não quis dizer se será uma pergunta direta sobre a independência ou apenas sobre uma mudança de status, como pedem os setores mais moderados da CiU (Convergência e União, confederação de partidos da Catalunha). Ainda assim, ele assegurou que, antes do final deste ano, apresentará a pergunta que deve ser feita aos catalães.

Além disso, Mas insistiu que esta consulta não violará a legalidade, como foi dito em suas intervenções anteriores, quando disse que o questionamento seria posto em prática “sim ou sim”.

Sobre as eleições, Mas afirmou que a antecipação não é o cenário que “deseja” e nem “o melhor”, mas assegurou que está disposto a convocá-las como último recurso caso “se se pretender silenciar a voz e impedir o voto das catalãs e dos catalães”.

O presidente lembrou o cordão humano realizado em 11 de setembro a favor da independência da região e disse que a manifestação foi “uma reclamação de dignidade”, afirmando que “mesmo os catalães que disconcordam com o que se reclamava ali não podem deixar de apreciar a grande força de transformação que havia, o principal motor de mudança da Catalunha”.

Artur Mas afirmou crer que “a Catalunha tem afeto pela Espanha, mas já não confia no Estado”, uma “percepção” que o anima a apostar na realização da consulta em 2014. Segundo ele, os catalães já sabem, a esta altura, “onde estão” em relação ao processo independentista “e que não há volta para trás”.

“As urnas são a solução, não o problema” afirmou Mas, interessado em deixar claro que planeja que a consulta seja realizada de um ponto de vista legal. Por isso, acrescentou que seus assessores do Conselho de Transição Nacional já identificaram até cinco vias legais para fazer o referendo, sem especificá-las.

Aproveitando a situação, Mas informou que este será o último ano de cortes de gastos motivados pela situação delicada das finanças catalãs, assegurando que para o ano que vem não prevê “nem um euro a mais ou a menos”.

por OperaMundi