Tomas Young, estava no quinto dia seu primeiro regimento no Iraque quando ele foi atingido pela bala de um atirador em Sadr City, distrito de Bagdad. Uma única bala paralisou seu corpo do peito para baixo, e mudou sua vida para sempre. Agora, nove anos depois, aos 33 anos, Tomas decidiu dar fim à sua vida. Ele havia anunciado recentemente que ele interromperia sua alimentação, que vem em forma líquida através de um tubo.

Tomas foi o assunto de um premiado documentário chamado “Body of War”, feito pelo legendário apresentador de talk-shows Phil Donahue e Ellen Spiro. O filme, de 2007, acompanha a reabilitação de Tomas, o sofrimento trazido por suas lesões, e seu despertar para a política que o tornou um dos mais proeminentes veteranos anti-guerra dos EUA, contra a ocupação do Iraque. Ele se sentiu primeiramente motivado a agir a partir dos esforços de Cindy Sheehan para falar com o presidente George W. Bush enquanto ele estava em férias, no seu então falado rancho em Crawford, no Texas. O filho de Sheehan, Casey, foi morto em Bagdad, no mesmo dia em que Tomas foi atingido. Ela queria perguntar ao presidente Bush, “Por qual causa nobre o meu filho morreu?”. Eu perguntei a Tomas se algo poderia fazê-lo mudar sua decisão em dar cabo à própria vida. Ele disse “Não!”, e complementou dizendo que se ele não estivesse numa tão constante e intensa dor, então ele não teria seguido neste curso. “Nós não estaríamos tendo essa conversa,”, ele disse.

Esta semana, Tomas publicou uma carta intitulada “A última carta: uma mensagem para George W. Bush e Dick Cheney, enviada por um veterano que está morrendo”. Nela, Tomas escreveu, “Você pode escapar da Justiça mas em seus olhos se vê que é você é culpado por seus insignes crimes de guerra, de pilhagem e, finalmente, de assassinato, incluindo o de milhares de jovens Americanos, meus companheiros veteranos, cujo futuro foi roubado.”

Phil Donahue tem estado em contato com Tomas por anos desde que fez “Body of War.” Donahue me disse que fazer o filme foi uma “experiência espiritual…. um capítulo de nossas vidas.” Ele diz que compreende a decisão de Tomas: “Quatro anos após ser atingido em Sadr City, ele suportou uma embolia pulmonar. Então hoje ele tem dificuldades para falar, contudo, você consegue entendê-lo. Ele tem dificuldade de segurar os talhares, seus polegares opositores estão deficitários… então ele precisa ser alimentado. Quando ele e sua esposa, Claudia, saem para jantar, eles tem de ir para o canto do restaurante, para que quando ela o alimente, ninguém fique olhando. Ele tem agora a pele necrosada, em alguns lugares com os ossos expostos. Ele teve recentemente que se submeter a uma colostomia, desde então carrega uma bolsa ao lado do corpo. Ele é alimentado através de um tubo, e todos os comerciais que ele vê na TV são sobre comida. O que Tomas tem passado vai além de terrível. Ele agora deita imóvel, numa cama escura em Kansas City, cuidado com esmero por sua esposa, Claudia, que tem estado por ela já há cinco anos.”

Ele complementou dizendo que “Ao lado de todo este calvário, eu tenho estado com ele o suficiente para saber, que ele queria viver. O que faz disso algo muito triste. Ele queria viver. Ele lutou contra cada obstáculo, desde o tratamento inadequado na Administração dos Veteranos até sua PTSD (Post-Traumatic Stress Desorder), transtorno de stress pós-traumático. Agora a situação é tão terrível, que ninguém que seja próximo dele possa afirmar que não o entendem: “Ele desistiu”.

Donahue refletiu: “Quando eu olho para esse jovem homem, tudo que eu consigo pensar é no Presidente Bush dizendo “Bring ´em on” (“tragam eles aqui”). Não há quase remorso. Todos estão se escondendo. Richard Perle já não aparece muito. Cheney está palestrando para os figurões. Eu não sei onde Wolfowitz está. Bush está protegido em sua “casa bem guardada”.

Tomas recentemente apareceu via vídeo conferência de sua casa em Kansas City, Missouri, para um grupo em Ridgefield, Connecticut, onde Pill Donahue exibiu “Body of War” e apresentou as questões de Tomas. Foi nesse evento em fevereiro que Tomas anunciou publicamente sua intenção em morrer. Quando perguntado como ele gostaria de ser lembrado, Tomas Young respondeu: “Que eu lutei o máximo que pude para manter os jovens, homens e mulheres, longe do serviço militar. Que eu lutei o máximo que pude para evitar que um outro, como “eu”, voltasse ao Iraque. É desse modo que eu gostaria de ser lembrado”.

Denis Moynihan contribuiu com pesquisa para esta coluna.