São Paulo – O primeiro dos julgamentos sobre as responsabilidades do chamado massacre do Carandiru condenou 23 soldados da Rota a 156 anos de prisão cada um – 12 anos para cada uma das 13 mortes ocorridas no segundo pavimento do Pavilhão 9, em outubro de 1992. O juiz José Augusto Marzagão, porém, permitiu que os condenados recorram em liberdade.

Três dos 26 soldados acusados foram absolvidos. O soldado Alberto Roberto da Silva, que teria agido no terceiro pavimento e não teve envolvimento com as mortes ocorridas no segundo, além de Eduardo Espósito e Maurício Marchese, que serviam no 3º Batalhão de Choque e obedeciam a outro comando que não o da Rota.

Durante o julgamento foi reduzida também a quantidade de vítimas da invasão policial àquele setor da Casa de Detenção, de 15 para 13. Um dos mortos, Jovemar Ribeiro, foi encontrado em outro local do presídio. O segundo, José Pereira da Silva, foi vítima de golpes de facas, o que indicaria ter sido atacado por outros internos.

A promulgação da sentença pelo juiz Marzagão foi dada à 1h15 da manhã de domingo (21), encerrando o sexto e mais longo dia de trabalhos do julgamento, iniciado pouco depois das 9h do sábado anterior.
Recurso

A advogada Ieda Ribeiro de Souza, que defendeu os réus, disse que já interpôs o recurso da sentença. Ela disse acreditar que a condenação dos policiais não traduziu a vontade da população. “Eu vi [a decisão] com muita frustração. Foi uma decisão por maioria de votos. Na verdade, por diferença de um voto e isso não reflete a vontade da sociedade brasileira”, disse.

“É possível sempre ter um novo julgamento. Vou ter um novo conselho de sentença, vou ter novas pessoas trabalhando para entender esse caso, não ficar só nas informações externas a ele”. Para Ieda, é possível que o julgamento seja anulado.

Matéria de Gisele Brito, da Rede Brasil Atual