Guatemala, 30 jan (Prensa Latina) O primeiro julgamento na Guatemala por genocídio e delitos de lesa humanidade começa hoje contra os ex-militares Efraín Ríos Montt e Mauricio Rodríguez, acusados pelo Ministério Público de assassinar mil 771 indígenas da etnia maya ixil.

A sociedade guatemalteca hoje é testemunha de um fato histórico, pela primeira vez em nosso país, é aberto a julgamento o genocídio e os delitos contra a humanidade, indica um comunicado da Associação para a Justiça e Reconciliação (AJR) e o Centro para a Ação Legal em Direitos Humanos (Caldh).

Este passo para a justiça é de alta importância para as milhares de pessoas que sobreviveram os massacres na Guatemala, consideram as organizações de acusação do caso. Para esta quarta-feira, o juiz Miguel Ángel Gálvez convocou ao debate oral e público com o intuito de conhecer as provas.

“Consideramos positivo a medida do Julgado de Maior Risco B e esperamos que, se a defesa dos ex-generais apela a outras instâncias, as instâncias maiores atuem de acordo com o direito e levem em consideração o que já foi resolvido [nas instâncias inferiores]”, afirma o comunicado emitido por ambas organizações

Segundo a AJR e o Caldh, a resolução apresentada nesta segunda-feira envia uma mensagem de esperança na justiça àqueles que ainda padecem das consequências da guerra civil guatemalteca e aos autores materiais e intelectuais dos graves delitos de lesa humanidade e genocídio cometidos entre 1960 e 1996.

“Esperamos que o caso continue conforme estabelecido pela lei e que logo possamos ter o julgamento contra aqueles que ordenaram o genocídio na Guatemala”, conclui o comunicado.

Por sua vez, Francisco Palomo, um dos advogados defensores do ex-governante de facto de 1982 a 1983, disse à imprensa que espera um julgamento justo e não um linchamento.

Na semana passada, o promotor Orlando López reafirmou as provas e acusações contra ambos ex-militares.

López explicou que ainda que Ríos Montt e Rodríguez não tenham sido os autores materiais da matança de mil 771 indígenas da etnia maya ixil, tinham conhecimento dos fatos perpetrados em 1982 e 1983 durante o regime militar.