Diante da insistência de Israel em ampliar os assentamentos no país que estão ocupando à força, a Palestina, vários países chamaram seus embaixadores de volta, para demonstrar seu desacordo. Este já é o caso do Reino Unido, na Espanha, na Dinamarca, na França e na Suécia, convocados no dia 3 e também o embaixador do Brasil no dia 4.

Os planos de novos assentamentos anunciados pelo primeiro ministro de Israel chegam a 3000 casas, posicionadas de maneira a dividir a Cisjordânia no meio. Ou seja, dividir para conquistar, inviabilizando o país.

O anúncio deste plano coincide com a aprovação do status de estado observador da ONU para a Palestina, conquistado numa votação de ampla maioria. Apesar do apoio incondicional dos EUA a Israel, não é viável, no mundo de hoje ignorar as posições da grande maioria dos outros países.

Além da questão econômica que, se fosse afetada aceleraria o processo em outra direção, as pessoas estão muito mais conectadas com o que acontece em todo o mundo e, não há dúvida que estão cansadas de guerra. Só resta concluir que a população de Israel vive sob uma chantagem de medo e terror que deve ser muito bem orquestrada pela sua mídia, alimentadas pelo dinheiro da ajuda dos EUA e pela máquina de guerra. É muito antiga a atitude de reforçar o medo de um inimigo para unir a população de forma a manipular suas possibilidades e inverter as prioridades para direcionar orçamentos para os esforços de guerra e proteção.

É preciso que o povo de Israel perceba a chantagem a que está sendo submetido e retire seu apoio dos extremistas que não querem nada além de poder e bons negócios, não necessariamente nesta ordem. Ano passado foi feita a maior manifestação da história de Israel com centenas de milhares de pessoas reivindicando direito básico de moradia. O governo usa esta carência para implantar assentamentos, será que existem aqueles que relacionam a solução do problema de moradia com a construção de casas na Palestina? De qualquer maneira o problema existe e não será solucionado com invasão de um país estrangeiro.

Por outro lado, o Hamas com suas bombas lançadas sobre a população só consegue fortalecer os extremistas em Israel que, atacando a Palestina, matando mulheres e crianças e tornando a vida inviável até no acesso sagrado á água, só faz também empurrar mais desesperados para as fileiras do Hamas. Um mártir recebe a garantia de apoio econômico a sua família. Quem vive numa grande cidade sabe muito bem do que um jovem é capaz se quer dinheiro e prestígio e não dá valor á vida, não tem futuro ou é humilhado pelo sistema vigente. Será que com mais humilhações e privações oprimindo a Palestina, os extremistas de Israel não querem outra coisa que manter o desespero nos palestinos sabendo que com isso as fileiras do Hamas aumentam e assim podem justificar sua permanência no poder e seus excessos na defesa do país? Não há dúvida que é uma conclusão simples.

Os extremistas de Israel e o Hamas são duas rodas presas ao mesmo eixo, cada um de seu lado. Quando um gira o outro também roda. Quem está sendo levado nessa carroça precisa abandoná-la e começar a caminhar pelos seus próprios pés. As populações árabes, especialmente os mais jovens,  estão dando uma contundente e belíssima demonstração de união e força não violenta contra a opressão em favor de seus direitos e compreenderam a manipulação a que estavam submetidos há décadas. Os israelenses e os palestinos podem estar um pouco atrasados mas a mesma onda chegará até eles.