De acordo com um novo relatório [http://www.un.org/apps/news/story.asp?NewsID=41133&Cr=somalia&Cr1=famine](http://www.un.org/apps/news/story.asp?NewsID=41133&Cr=somalia&Cr1=famine) das Nações Unidas e do Governo dos Estados Unidos, o número de somalis que precisam de ajuda emergencial caiu de 4 para 2,3 milhões, ou seja, 31% da população. Adicionalmente, 325.000 crianças estão em situação de subnutrição grave.

“As chuvas tão esperadas em conjunto com insumos agrícolas substanciais e a resposta humanitária, acionada nos últimos seis meses. são principais razões desta melhoria”, afirmou o Diretor Geral da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), José Graziano da Silva, em Nairóbi no dia 3 de fevereiro, após sua visita ao sul da Somália.

Segundo a FAO, o número de pessoas que ainda precisa de assistência emergencial na Somália, Quênia, Etiópia e Djibuti, chega hoje a 9,5 milhões em comparação com os 13,3 milhões de setembro de 2011.

*Chuva, Ações e Ajuda é tudo o que se necessita*

“Apesar disso, a crise ainda não chegou ao fim”, acrescentou. “Essa situação só poderá ser resolvida com a combinação de chuvas e ações de ajuda contínua e coordenada de longo prazo que ajudem a população local a ser mais resiliente, combinando assistência com desenvolvimento”.

No ano passado, a região do Chifre da África foi assolada por uma terrível seca, causando falta de alimentos e morte de dezenas de milhares de somalis que levou a ONU a declarar estado de fome em seis áreas do país. No auge da crise, 750.000 pessoas corriam risco de vida.

A crise de fome é declarada quando as medidas de mortalidade, desnutrição e fome a seguir atingirem pelo menos 20% das famílias em uma área de extrema escassez de alimentos com capacidade limitada de reverter o quadro; as altas taxas de desnutrição excederem 30% e a taxa de mortalidade for de mais de duas mortes em 10.000 pessoas por dia.

*“Somente” 9,5 Milhões de Pessoas Necessitam de Assistência Emergencial”*

Segundo a FAO, o número de pessoas que ainda precisam de assistência emergencial na Somália, Quênia, Etiópia e Djibuti, chega hoje a 9,5 milhões em comparação com os 13,3 milhões de setembro de 2011.

A unidade de Análise de Segurança Alimentar e Nutricional (FSNAU), gerenciada pela Organização as Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), em parceria com a Rede de Sistema de Alerta Precoce (FEWS Net) e a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) atribuem a melhora da situação na Somália à combinação da quantidade de chuvas registradas no final de 2011 e a substancial ajuda humanitária.

Isso permitiu que os agricultores produzissem e comprassem mais alimentos, apontou o relatório publicado pela FAO que, como resposta emergencial, distribuiu sementes e fertilizantes para os agricultores somalis. A agência também reabilitou 594 km de canais de irrigação e assistiu a 2,6 milhões de animais sob risco de contrair doenças e infecções associadas à seca.

*Progresso Frágil*

Nos últimos seis meses, a FAO, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), o Programa Mundial de Alimentos (PMA) e as ONGs internacionais também implementaram programas de trabalho em troca de alimentação e vales alimentação, em lugar de contar apenas com a distribuição de insumos.

“Os esforços humanitários sustentáveis e uma excepcional colheita permitiu reduzir a crise, mas não devemos nos esquecer de que o progresso alcançado ainda é muito frágil” advertiu a chefe humanitária das ONU, Valerie Amos.

“Sem o apoio contínuo e solidário da comunidade internacional, estes resultados positivos poderiam ter sido outros. O conflito continuo e a falta de acesso às pessoas necessitadas são os grandes desafios operacionais”, acrescentou Amos, a Subsecretária-Geral das Nações Unidas para Assuntos Humanitários e Coordenadora da Ajuda de Socorro de Emergência da ONU, Valerie Amos.

“Também temos que nos ater ao desenvolvimento da capacidade pessoal para lidar melhor com a seca e a escassez de alimentos nos futuro. Nós devemos manter nossa atenção firmemente focada na Somália e garantir o atendimento aos mais vulneráveis”.

*”A Somália Poderia “Voltar às Condições Muito Severas”.*

O Coordenador Humanitário das ONU para a Somália, Mark Bowden, expressou a mesma preocupação de que “o país pode retornar às condições emergenciais,” se os níveis de ajuda assistencial e apoio não forem mantidos.

“Não devemos dar a impressão de que o problema está resolvido”, disse à Rádio da ONU. “O que já fizemos realmente reduziu o alto índice de mortalidade e desnutrição que causou tanto sofrimento. E agora estamos em posição de dar um passo adiante e ajudar as pessoas a voltarem à vida normal. Entretanto, ainda temos um longo caminho para voltar a uma situação normal e segura”.

Enquanto isso, o Alto Comissariado da ONU para Refugiados (ACNUR) relatou que as expectativas de chuvas sazonais e a melhoria dos prospectos agriculturais em certas partes da Somália permitiram que cerca de 7.000 refugiados somalis na Etiópia e Quênia retornassem temporariamente para casa.

“Algumas pessoas nos informaram que estariam retornando para a Somália para aproveitar a chuva sazonal que está por vir para reiniciar a plantação em suas vilas” disse Adrian Edwards da agência da ONU para refugiados em Genebra.

*Mulheres e Crianças Foram Deixados em Campos de Refugiados*

“Eles disseram que deixaram as mulheres e filhos em campos de refugiados, mas o plano de se reunirem após a colheita está descartado, pois eles se sentem inseguros em permanecer na Somália”.

A agência enfatizou que qualquer retorno à Somália deve ser bem-informada e voluntária e que a situação do país ainda não é conta com uma repatriação organizada. “Embora as condições de fome e seca tenham melhorado na Somália, a insegurança ainda persiste, ocasionando migrações no país”, ressaltou Edwards.

Mais de 293.000 refugiados somalis fugiram do conflito e fome para os países vizinhos como Quênia, Etiópia, Djibuti e Iêmen desde janeiro de 2009.

*Aumento de Violência contra as Mulheres no Campo de Refugiados*

Enquanto isso, aumentam os casos de violência sexual e de gênero s e violência doméstica nos campos de migrantes em Hargeisa, capital do autoproclamado estado da República da Somalilândia. Os assistentes sociais atribuem essa condição aos tempos economicamente difíceis reforçado pela recente seca na região, informa o último relatório da ONU.

“O número de refugiados aumentou consideravelmente nos últimos meses, e muitas famílias vêm para a cidade para escapar da seca; a falta da presença de autoridades policiais dentro dos campos e as péssimas condições de iluminação contribuíram para o aumento de alguns destes casos”, reportou Shukri Osman Said, coordenadora da ONG CCBRS – (Community-Based Rehabilitation Somaliland, à agência de notícias IRIN no Campo Stadium para Pessoas Internamente Deslocadas (IDPs) de Hargeisa.

O Campo Stadium IDP, residência de aproximadamente 5.000 famílias (30.000 pessoas), é um dos muitos campos IDP em Hargeisa, onde as organizações humanitárias como CCBRS contam com programas voltados para a violência sexual e de gênero entre as comunidades vulneráveis….

*500 Casos de Violência Doméstica*

De acordo com Said, a ONG tem implementado o programa de combate contra a violência sexual e de gênero nos campos IDP (Campo de Deslocados Internos) desde 2006, com recursos da Agência para Refugiados da ONU.

Em média, a ONG tratou de 15 a 20 casos por mês de violência sexual e de gênero; entretanto, observamos que os casos de violência doméstica aumentaram significativamente; somente em 2011, tivemos mais de 500 casos de violência doméstica”, relatou Said à IRIN [http://www.irinnews.org/](http://www.irinnews.org/), agência de notícia humanitária e de análise do Escritório da ONU para Coordenação de Assuntos Humanitários.

“De alguma maneira, nosso programa de prevenção ajudou a diminuir os casos de violência sexual e de gênero; nossa preocupação é o aumento da violência doméstica, que é devido principalmente aos homens que enfrentam dificuldades para lidar com os problemas econômicos e acabam descontando suas frustrações na mulher”.

Segundo ela, o programa continha um componente que focava as incapacitações físicas e fornecia ajuda ortopédica, como cadeiras de rodas para algumas pessoas afetadas nos IDPS.

“A maioria das vítimas de violência sexual e de gênero são pobres e não têm condições de arcar com o tratamento em hospitais privados; algumas não têm condições de arcar com o transporte para hospitais públicos e assim, ajudamos encaminhando-as para o Centro de Referência de Agressão Sexual” do principal hospital de Hargeisa”, comentou Said ao IRIN. “Nós também encaminhamos os que necessitam de ajuda legal para organizações que ajudam as mulheres a buscarem por justiça”.

Hawo Yusuf, membro da comissão de administração do Campo Stadium IDP, disse que a comissão deu apoio às sobreviventes da violência sexual e gênero ajudando-as a serem aceitas na sociedade.

*Projetos de Subsistência*

“Nós ajudamos a construir abrigos para os que precisam de um lugar para ficar, especialmente às que estão grávidas; nós ajudamos a rastrear os perpetradores, embora nossos esforços sejam frustrados quando essas pessoas são liberadas sem serem incriminados”

De acordo com a agência da ONU para os refugiados, em Hargeisa, na Somalilândia, há cerca de 85.000 de refugiados que fugiram das regiões central e sul da Somália por vários motivos, incluindo entre outros, a seca, oportunidades de sobrevivência e aumento da violência.

“Os IDPs vivem em condições difíceis, mais do que frequentemente, com acesso limitado às necessidades básicas como saúde, abrigo utilidades como água limpa, saneamento básico, segurança e oportunidades de trabalho”, reportou a agência.