Diversos rumores sobre doenças graves ligadas ao câncer ou o suposto pioramento de sua saúde foram descreditados por Chávez, que clarificou que o fornecimento de medicamentos não responde ao tratamento dos órgãos afetados, senão à ação preventiva de evitar a reprodução de células malignas.

Nesse sentido, garantiu a seus seguidores um pronto regresso, com novos objetivos.

*”Regressarei melhor do que vou, com mais vida e fortaleza”*, afirmou no Palácio de Miraflores pouco antes de sua partida.

A sede venezuelana de Governo acolheu a ministros, governadores, dirigentes socialistas e representantes das Forças Armadas, de quem recebeu mostras de respaldo e solidariedade.

Não faltaram o canto de lamento, a harpa e a guitarra, nem seu reeditado duo improvisado com o cantante e deputado apurenho Cristóbal Jiménez.

Também nas ruas o povo manifestou seu apoio a Chávez, se agrupando às centenas no trajeto da caravana presidencial para o aeroporto de Maiquetía.

Cartazes, bandeiras e cartazes *”Palante Comandante”* e *”Obrigado Fidel por cuidar dele”* retumbaram em vários pontos do percurso até o principal terminal aéreo do país.

Vou estar na mesma pátria, na pátria grande; desde onde estarei atento, a cada dia, a cada minuto, do acontecer interno, disse o chefe de Estado dantes de voar à Havana.

Chávez encara a nova fase após uma evolução satisfatória do procedimento cirúrgico do passado 20 de junho, a mais de seis horas, para extrair-lhe um tumor da mesma zona do corpo que 10 dias antes tinha sido operada de abscesso pélvico, enquanto fechava em Cuba uma volta latinoamericana.

*”Vai bem”*, comentou várias vezes nos últimos dias, segundo o líder socialista, corroborado por sua equipe médica, a mesma que lhe indicou a quimioterapia.

**Governabilidade garantida**

O presidente venezuelano simultaneará na ilha seu tratamento com os trabalhos próprios de seu cargo.

Além do acompanhamento da situação interna e os contatos com o Gabinete, Chávez poderá utilizar a assinatura eletrônica para continuar em pleno exercício de suas faculdades constitucionais.

Para agilizar trâmites, outorgou faculdades ao vice-presidente Executivo da República, Elías Jaua, e ao ministro de Planejamento e Finanças, Jorge Giordani.

*”Vou delegar. Não como querem alguns setores da oposição, que eu entregue o Governo. Acreditem, eu seria o primeiro que tendo capacidades diminuídas de exercer funções de Estado cumpriria com a Constituição. Não tem sido assim nem nos piores momentos de meus repousos pós operatórios”*, apontou.

Seus rivais políticos voltaram neste sábado à Assembléia a assomar termos como *”vazio de poder”*, *”ausência temporária”* e até *”ausência absoluta”*, ainda que ao final tenham aprovado a solicitação do dignatário de viajar a Havana, se não o tivessem feito, bastava a clara maioria socialista para o conceder (98 de 165 cadeiras).

Deputados opositores também fizeram questão da delegação do cargo, critério considerado uma manobra para semear divisões internas.

Para o presidente do Parlamento, Fernando Soto, a postura da direita demonstra sua falta de argumentos para o debate.

Utilizam o tema da saúde do Comandante porque carecem de projeto político para oferecer ao país, sentenciou.

**Fatores de estabilidade**

A mobilização permanente em respaldo ao Executivo e seu máximo dirigente dos setores populares e o partido dirigente -com uma militancia estimada de sete milhões de pessoas- representam junto à unidade cívico-militar fatores que garantem a estabilidade.

Povo, Governo e Forças Armadas hoje somos um só, essa é uma de nossas fortalezas em torno do comandante Chávez e do projeto bolivariano, comentou o ministro da Defesa, Carlos Mata, à Prensa Latina o passado 4 de julho, quando uma multidão foi ao Balcão do Povo, em Miraflores, a dar as boas-vindas ao estadista.

O próprio Chávez destacou recentemente outros ingredientes favoráveis no palco venezuelano, como a saúde da economia nacional.

Uma baixa relação dívida-Produto Interno Bruto, as reservas internacionais alcançando os 30 bilhões de dólares, preços do barril de cru sobre os 100 dólares e o crescimento econômico (4,5 por cento no primeiro trimestre) ilustram seu critério.

Para o vice-presidente da Área Econômico-Produtiva, Ricardo Menéndez, a estabilidade do país passa ademais pela confiança da maioria dos cidadãos em um governo com 12 anos de gerenciamento voltado para o social.

Os venezuelanos têm enormes expectativas de seguir avançando para a justiça social sob a liderança de Chávez, que tem conseguido coisas inimagináveis, precisou.

Menéndez recordou à Prensa Latina a redução da pobreza, o incremento da matrícula universitária e a esperança de vida e a cobertura de saúde atingida. Por se fosse pouco, vivemos tempos de planos ambiciosos, já em execução, como as missões Moradia Venezuela (construção de dois milhões de casas no período 2011-2017) e Agro Venezuela (soberania alimentária), expôs.