Alice Andrés Ribeiro, coordenadora de projetos da área de Controle de Armas no Sou da Paz participou do Seminário mediando a mesa sobre as campanhas na Colômbia.

Especialistas de diversos países estiveram no evento: de Angola, o General Paulo Almeida, um dos comandantes da guerra de libertação contra o colonialismo, hoje Sub-Comandante da Polícia Nacional do país; de Moçambique, o representante do Conselho das Igrejas Cristãs, Titos Macie, já que lá coube às igrejas o papel de mediação e de liderar o desarmamento; da Colômbia, Juan Pablo Hernández, que dirige o projeto Vida Sagrada, da prefeitura de Bogotá, que desde 1996 já mobilizou a sociedade em dezessete campanhas de desarmamento, além da presença do coordenador da campanha argentina, Darío Kosovsky.

“Foi um encontro muito rico, que possibilitou para todos os participantes aprender muito, ter novas ideias e ainda criar um canal aberto para a troca de experiências, pesquisas e materiais de comunicação relacionados às campanhas de desarmamento desenvolvidas em cada país”, conta Alice.

Conheça as experiências positivas

Entre as experiências apresentadas, destaca-se a de Moçambique, onde são criadas obras de arte com armas e munições recolhidas nas campanhas. Outra iniciativa é o apoio para repasse, àqueles que entregam armas voluntariamente, de equipamentos como máquinas de costura, bicicletas e material de construção. A finalidade da troca é a melhoria da qualidade de vida das famílias.

A campanha desenvolvida na Argentina teve como referência a experiência brasileira. Darío Kosovsky participou de uma capacitação realizada no Brasil, em 2004, para instituições da sociedade civil da América Latina sobre a promoção do desarmamento. Desse modo, na Argentina, a campanha de entrega voluntária de armas pode aprimorar pontos já testados na experiência brasileira. Exemplo foi a criação de um novo modelo de pagamento de indenizações, que acontecia na hora da entrega da arma, e não mediante depósito em conta corrente. Lá, os cheques já vinham impressos e seus números eram etiquetados junto à arma entregue. Outra boa prática foi o site da campanha, que informava, com atualizações a cada dois dias, os dados relativos à entrega de armas.

Já o Brasil, apresentou o conjunto de mobilizações organizadas pela sociedade civil nas décadas de 1990 e 2000, pedindo maior controle das armas e munições no país e a criação do Estatuto do Desarmamento. Entre essas mobilizações, foi apresentado o ato público que o Instituto Sou da Paz realizou na Praça da Sé em 2003 para chamar a atenção para as vidas que estavam sendo perdidas enquanto o Estatuto não era aprovado.