Uma menina síria sobrevivente ao ataque químico de Ghouta foi indicada ao Prêmio Internacional da Paz Infantil de 2020. Identificada apenas como Enar, mas conhecida na Internet como Noor, ela usou as redes sociais para conscientizar sobre a situação de Ghouta durante o longo cerco imposto pelas forças do regime sírio.

Noor tinha apenas 10 anos quando começou a publicar online. Ela filmou e publicou tanto em inglês quanto em árabe e contou em detalhes o sofrimento do povo de Ghouta.

Sua indicação ao Prêmio foi anunciada na segunda-feira, depois da organização Syrian Network for Human Rights – SNHR afirmar que o envio do trabalho de Noor tinha sido aceito pelo comitê do Prêmio.

“Enar tinha 10 anos quando começou a fazer relatórios juntamente com sua irmã Alaa, então com oito anos, gravou e transmitiu uma grande quantidade de fotos e vídeos, nos quais falava não apenas do sofrimento e das privações pelos quais ela e sua família passaram, mas também daqueles aos quais a própria sociedade de Ghouta oriental estava submetida”, afirmou a SNHR.

Enar/Noor se mudou com a família de Damasco para Ghouta em março de 2011, no início do levante sírio. Após o cerco imposto pelas forças do regime à cidade em 2012, ela passou a fazer relatos diários, mostrando o bombardeio da região.

Ela foi também uma das testemunhas do ataque químico de Ghouta oriental, ocorrido em 21 de agosto de 2013, ao documentar o uso de barris-bomba contra moradores da cidade. O ataque matou mais de 1.400 pessoas, entre as quais estavam, pelo menos, 99 crianças, em sua maior parte mortas por asfixia.

Nos vídeos, Enar pede às Nações Unidas e à comunidade internacional que tomem medidas para proteger os civis e as crianças de Ghouta, bem como punir o regime sírio por crimes de guerra.

“Os vídeos [de Enar] não deixam de trazer também sorrisos e momentos de pura inocência infantil”, acrescentou a SNHR, muito embora ela estivesse retratando “detalhes que muitos adultos teriam dificuldade em registrar”.

Cerca de 150 crianças de 42 estados foram indicadas ao renomado prêmio. Em 2019, ele foi concedido à ativista ambiental Greta Thunberg e à ativista anti-violência, de Camarões, Divina Maloum.


Traduzido do inglês por Thaís Ribeiro Bueno / Revisado por Rubia Gomes

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