Não importa o nome que lhes dermos, os primeiros povos correspondem às pessoas que são provenientes do território em que vivem. A colonização trouxe outros povos para esses territórios, e a coabitação, ainda hoje, não é fácil. Às vezes combatidas, às vezes ignoradas, às vezes respeitadas, essas populações são parte integrante dos países em que vivem. Temos aqui um resumo pequeno e incompleto dos diferentes povos de acordo com alguns países e regiões do mundo.

Este artigo não concede a palavra diretamente às pessoas interessadas. Sinta-se à vontade para nos escrever e nos informar de um erro ou de um inconveniente em relação aos dados, aos termos ou, de forma mais geral, às informações apresentadas.

Este artigo é o primeiro de uma série de 3, e retrata a situação dos povos indígenas em certas regiões do mundo. Esta série dá continuidade ao desejo crescente de nossa geração de reconhecer os direitos dos povos indígenas pelo seu verdadeiro valor, e de defender a liberdade e o respeito pelas minorias. O primeiro artigo da série traça um retrato da proporção de nativos nas regiões estudadas. O segundo e o terceiro artigos, que na realidade são um único artigo dividido em dois, apresentam de maneira cronológica e resumida as grandes reviravoltas que os povos indígenas conheceram em sua região de origem. 

De acordo com a UNESCO, “os povos indígenas vivem em todas as regiões do mundo e possuem, ocupam ou usam 22 % das terras do planeta. Um total estimado de 370 a 500 milhões de pessoas, os povos indígenas representam mais da metade da diversidade cultural do mundo; eles criaram e falam a maioria das cerca de 7000 línguas vivas”. Assim, aproximadamente 6,2 % da população mundial é indígena e encontra-se espalhada por 90 países. Este artigo apresenta uma (pequena) parte dessa população.

 

Canadá

No Canadá, os primeiros povos são chamados de autóctones. Eles são  aproximadamente 1,4 milhão, ou 4,9 % da população nacional, e esse número aumenta constantemente. Embora ainda existam reservas, os autóctones vivem principalmente em cidades, como Winnipeg (Manitoba), Edmonton (Alberta), Vancouver (Colúmbia Britânica) e Montreal (Quebec).

Os autóctones são divididos em 3 categorias principais: os Inuit, os Métis e as Primeiras nações. Acredita-se que há mais de 600 comunidades indígenas no país. Os termos “Índios” (agora Primeiras Nações) e “Esquimós” (agora Inuit) são considerados pejorativos. Entre as Primeiras Nações, que representam 61 % do povo autóctone, existem muitas comunidades que devem ser chamadas e citadas pelo nome quando nos referimos a elas. Os Métis representam 32 % da população autóctone do Canadá e os Inuit 4 %.

 Os povos indígenas do Canadá não podem ser estudados de maneira separada dos povos dos Estados Unidos, pois a América do Norte é um todo e suas fronteiras políticas não refletem as terras originais.

 

Estados Unidos

Para os primeiros povos dos Estados Unidos, os dados são menos evidentes. Considera-se que os povos indígenas nos Estados Unidos são atualmente 1,7 milhão, divididos em 573 nações reconhecidas pelo governo federal e que representam 0,52 % da população total.

Hoje, as diferentes comunidades são nomeadas de acordo com suas famílias linguísticas. As comunidades mais ativas, que incluíam comunidades menores, eram os Iroqueses e Algonquinos no Norte. Mais ao sul, encontramos os Muskogees, os Sioux e os Athabascans. No Alasca, encontramos os Inuit.

Hoje, falamos de ameríndios, de aborígenes, de “nativos” ou mesmo de grupos tribais.

 

América Latina

A miscigenação é generalizada na América Latina, o que torna a distinção entre povos indígenas e não indígenas bastante difícil. A diferença está principalmente no idioma (diferente do português ou do espanhol) e nas tradições / culturas, que formam, assim, as comunidades. Esses primeiros povos representam aproximadamente 10 % da população geral da América Latina, ou quase 30 milhões de pessoas, distribuídas de maneira desigual entre os países. “Desse modo, Bolívia, Guatemala e Peru possuem uma população indígena (termo citado no artigo) que representa 40 a 65 % do total, enquanto que no Brasil, na Nicarágua e na Argentina os indígenas representam menos de 5% da população. Entre esses dois extremos estão países como México, Honduras e Chile, cuja população indígena oscila entre 5 e 20 % do total”.

De acordo com o Centro de Documentação Antropológica da América Latina, existem 409 grupos etnolinguísticos.

As comunidades principais são, portanto, os astecas (originada dos toltecas), os maias (que possuem 24 línguas diferentes) e os incas.

É preciso esclarecer que alguns países exterminaram quase completamente os povos indígenas, como é o caso da Argentina. Aqueles que ainda vivem de acordo com suas tradições e costumes são principalmente camponeses, pois o vínculo com a terra é muito forte. Poucos ainda vivem em autarquia independente.

 

Austrália

Na Austrália, os primeiros povos são chamados de aborígenes. De acordo com o censo de 2011, são 670 mil pessoas, ou 3 % da população total do país. Acredita-se que haja mais de 500 povos aborígenes na Austrália, divididos em clãs que possuem língua e território próprios.

Hoje, os aborígenes vivem principalmente nas cidades ou nas periferias dos grandes centros; alguns vivem no campo. Muitos deles conseguiram manter suas tradições e costumes, e continuam a viver em suas terras – da caça e da coleta. 

 

Nova Zelândia

A Nova Zelândia é uma exceção. Os indígenas deste país são os Maori, que chegaram ao território há mais de 1000 anos, provenientes de sua terra natal na Polinésia, Hawaiki. Os Maori representam 14 % da população nacional hoje, e sua cultura, suas tradições e sua história são parte integrante da cultura do país. Estima-se que existam entre 700.000 e 800.000 Maori no país, de uma população total de cerca de 5 milhões de habitantes.

 


 Traduzido do francês por Aline Arana / Revisado por Graça Pinheiro