IHU – Unisinos

O presidente do Equador, Rafael Correa, afirmou em 07-08-2016 que não irá se candidatar a uma nova reeleição. A declaração foi dada em uma entrevista para correspondentes internacionais no Palacio de Carondelet, sede do governo em Quito.

Correa, que está em seu terceiro mandato, valorizou e agradeceu a iniciativa de um movimento de jovens que está recolhendo assinaturas para pedir um referendo que altere a lei e permita que ele se candidate a uma nova reeleição. Batizado de Rafael Contigo Siempre, o grupo já conta com mais de um milhão de assinaturas, e irá apresentar um pedido oficial para o Conselho Nacional Eleitoral do país realizar o referendo.

“A decisão está tomada. O importante é que se reeleja a revolução, um processo histórico que realmente mudou o nosso país”, afirmou Correa, de acordo com a agência Andes. A indicação do presidente abre espaço para uma mudança de liderança no Equador, que é governado por Correa desde 2007.

O cenário político no Equador

Os equatorianos devem ir às urnas em fevereiro de 2017 para escolher o seu novo presidente. Se Correa de fato não concorrer, seu candidato deve ser o atual vice-presidente, Jorge Glas, ou Lenín Moreno, que foi vice entre 2007 e 2013. Moreno, que é paraplégico, atua como enviado especial das Nações Unidas para Deficiência e Acessibilidade.

O principal candidato da oposição deve ser o empresário Guillermo Lasso. Derrotado por Correa em 2013, ele figura bem nas pesquisas de opinião para as eleições do próximo ano. Lasso terá o desafio de vencer o candidato apoiado por um presidente que mantém sua popularidade. De acordo com uma pesquisa realizada pelo instituto Perfiles de Opinión nas cidades de Quito, Guayaquil e Cuenca, Correa tem 60% de aprovação.

A trajetória de Correa

Economista com formação nos Estados Unidos e na Europa, Correa foi ministro da Economia por 4 meses em 2005, no governo do presidente Alfredo Palacio. No ano seguinte, ele venceu as eleições presidenciais, e tomou posse no início de 2007. Crítico do neoliberalismo, Correa seguiu uma política de esquerda. A principal conquista de seu governo é a redução dos índices de pobreza e de desemprego.

Ele teve seu primeiro mandato abreviado por uma reforma constitucional impulsionada por seu governo. Elegeu-se novamente em 2009, e pôde se candidatar outra vez em 2013. Correa venceu ambas as eleições no primeiro turno. Agora, porém, a lei impede que ele se apresente novamente.

A intenção de Correa de se afastar do governo contrasta com as iniciativas recentes de outro governo de esquerda na América Latina, o de Daniel Ortega, na Nicarágua. Ex-guerrilheiro sandinista, Ortega consolidou seu poder por meio da suspensão do mandato de deputados oposicionistas, em junho. Ele também apontou sua esposa, Rosario Murillo, como sua candidata a vice nas próximas eleições do país.

O governo de Correa no Equador conta, porém, com ao menos um momento em que ele voltou atrás em uma decisão tomada inicialmente. Em 2013, ele permitiu a exploração de petróleo no Parque Nacional Yasuní. A posição anterior de seu governo era manter o status da região como reserva ecológica.

Por João Flores da Cunha / IHU – Com agências

O artigo original pode ser visto aquí