Primeiro-ministro grego entrega cargo em manobra vista como forma de contornar a revolta no partido governista Syriza e reforçar sua posição no poder. Eleição deve ocorrer em 20 de setembro.

O primeiro-ministro da Grécia, Alexis Tsipras, anunciou nesta quinta-feira (20/08) sua renúncia, abrindo caminho para eleições parlamentares antecipadas. A agência grega de notícias ANA, citando fontes governamentais, afirmou que o pleito será provavelmente em 20 de setembro. A renúncia é vista como uma forma de contornar uma revolta dentro do partido governista, o Syriza.

Em pronunciamento televisionado à nação, Tsipras defendeu as táticas de negociação do governo grego e disse que a Grécia conseguiu o melhor acordo possível para os próximos três anos, citando o terceiro pacote de resgate financeiro de aproximadamente 86 bilhões de euros.

“Em breve encontrarei com o presidente da república e apresentarei a minha renúncia e a de meu governo”, afirmou o premiê. Com a renúncia de Tsipras, um governo interino, chefiado por um juiz da máxima corte grega, assumirá o poder até o resultado das novas eleições. O premiê grego espera que, com o novo pleito, a vontade popular reforce sua posição de chefe de governo da Grécia.

“Vou procurar conquistar [novamente] o voto do povo grego para governar e continuar com o nosso programa de governo”, disse Tsipras, alegando que, agora que o país garantiu seu financiamento, sentiu-se na obrigação “moral profunda” de permitir que os gregos julguem se ele é o representante adequado na batalha de Atenas com os credores internacionais e suas exigências de austeridade. “O mandato político das eleições de 25 de janeiro esgotou seus limites, e agora o povo grego tem que dar sua opinião”, disse Tsipras.

Com o terceiro pacote de resgate financeiro aprovado e assinado, Tsipras optou por eleições antecipadas para tentar consolidar sua posição depois que quase um terço dos parlamentares de seu partido, o Syriza, recusou-se a apoiar o acordo com os credores. As medidas só foram aprovadas após extenso debate e devido ao apoio da oposição. Com a revelia interna, Tsipras perdeu a maioria política no parlamento grego, de 300 assentos.

Mas a eleição antecipada deve permitir a Tsipras capitalizar sua popularidade com os eleitores gregos antes que as facetas mais complicadas e rígidas do programa de resgate comecem a causar efeitos colaterais e pode permitir que ele volte ao poder numa posição mais forte, sem os rebeldes do Syriza.

A Comissão Europeia, uma das instituições credoras supervisionando o novo pacote de resgate, saudou antecipadamente a convocação de novas eleições na Grécia, afirmando que a medida reforçará politicamente o terceiro programa de resgate financeiro do país em cinco anos.

“Eleições antecipadas na Grécia podem ser uma maneira de ampliar o apoio ao programa do Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE), assinado a pouco pelo primeiro-ministro Tsipras em nome da Grécia”, escreveu o chefe do gabinete do presidente da Comissão Europeia Jean-Claude Juncker, Martin Selmayr, em sua conta oficial no Twitter.

Também nesta quinta-feira, a Grécia efetuou um pagamento crucial de 3,2 bilhões de euros ao Banco Central Europeu (BCE), pouco antes do vencimento da dívida do país com a instituição. A primeira parte do resgate financeiro recebido pelo governo de Atenas foi usada para o pagamento.

PV/afp/rtr/ap

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