The Freedom of the Press Foundation publicou a versão integral de uma gravação em áudio da declaração de Bradley Manning para o tribunal, se responsabilizando pela divulgação de informações do WikiLeaks.

O transparente grupo Freedom of the Press Foundation publicou uma gravação em áudio ilícita da declaração completa de Bradley Manning sobre a divulgação de documentos confidenciais para o WikiLeaks como um ato de consciência.

Apesar do fato deste estar entre os mais importantes tribunais nos Estados Unidos hoje em dia, não é permitido aos jornalistas registrar em áudio ou vídeo nenhum dos processos. Na declaração, Bradley descreve ter servido o Exército Americano como um analista da Inteligência, descobrindo e investigando graves abusos como o vídeo “Collateral Murder” e o bombardeio aéreo em Garani, e concluindo que a população Americana deveria saber como o governo de seu país estava operando no exterior.

Ele detalha suas decisões de divulgar bancos de dados relacionados às guerras contra o Iraque e o Afeganistão, o vídeo “Collateral Murder”, correspondências diplomáticas do Departamento de Estado Americano. Ele disse esperar que essa divulgação pudesse “impulsionar um debate doméstico sobre o papel dos militares e de nossa política externa no que diz respeito ao Iraque e ao Afeganistão”. Glenn Greenwald divide a declaração em alguns segmentos aqui.

Sobre ouvir a gravação em áudio, Daniel Ellsberg, que havia divulgado documentos do Pentágono, disse: “Eu acredito que Bradley Manning é a personificação do termo delator”.

Antes de tal divulgação, a população e a Mídia nunca tinham tido a chance de escutar a voz de Bradley Manning. A eles também não eram disponibilizadas decisões básicas, transcrições dos procedimentos, e movimentos legais, pois os militares detêm todos esses documentos sob seu controle, severamente não permitindo à Mídia que exerça sua habilidade de seguir e cobrir o caso. O Centro para Direitos Constitucionais aliado a várias organizações de imprensa tem processado os militares para tornarem públicos documentos referentes aos processos relacionados à Manning.

O Departamento de Defesa, apenas no mês passado, começou a publicar notificações e decisões judiciais, mas muitas já têm alguns meses quando disponibilizadas, e então não provém à Imprensa um acesso contemporâneo ao caso. Repórteres tem sentido uma frustração crescente com o acesso que lhes é disponibilizado aos procedimentos.
Como se pode ler no pronunciamento da Freedom of the Press,

Freedom of Press Foundation é dedicada a apoiar o jornalismo que combate o sigilo exagerado do governo. Nós ficamos incomodados com o fato das escutas do pré-julgamento de Manning terem sido impedidas pelo tipo de sigilo extremo adotado pelo Governo, que é justamente o que a sua divulgação para WikiLeaks pretendia denunciar. Enquanto repórteres são permitidos dentro do tribunal, nenhum registro em áudio ou vídeo são permitidos pelo juiz, nem transcrições dos processos ou mesmo nenhuma petição da acusação pode ser divulgada, e decisões judiciais que demoram nas mãos dos juízes, e que não tem sido divulgadas para consulta pública.

A imprensa e a população deveriam ter acesso ilimitado ao processo de Bradley. Essa gravação é bem vinda como um desenvolvimento para este fim, pois finalmente transmite a voz de Bradley e suas motivações para as denúncias para todo o mundo.
A cineasta Laura Poitras fez um documentário de cinco minutos usando as próprias palavras de Bradley descrevendo o vídeo “colateral murder” aqui: