ARTES VISUAIS

Por RoMa Comunicação 

 

Primeira mostra individual da artista Ana Hortides no Rio de Janeiro rememora os cômodos presentes na sua casa de infância no subúrbio carioca

 

O Sesc São João de Meriti apresenta de 3 de junho a 3 de setembro a mostra Cômodo, de Ana Hortides, primeira exposição individual da artista na cidade do Rio de Janeiro. Nascida e criada no bairro de Vila Valqueire, Zona Oeste da cidade, a artista vem construindo a sua poética nos últimos anos de modo a trabalhar em torno de questões que envolvem o espaço da casa, do habitar, da moradia, do íntimo e da identidade. A curadoria é de Raphael Fonseca.

A mostra abarcará parte da produção escultórica e gráfica mais recente da artista, além de um trabalho em videoinstalação, que nomeia a exposição, desenvolvido exclusivamente para ela, em que Ana Hortides explora o universo dos cômodos da sua casa de infância com um tom onírico e sensível. Simulando a ideia de um ambiente cotidiano de outra geração, um dos elementos do trabalho é uma televisão de tubo dessintonizada e chiando que permanece constantemente ligada.

O recorte da mostra se dá a partir de obras que lidam com a sua poética e se constroem por meio da experimentação do uso de materiais do âmbito doméstico e cotidiano da construção das casas, que evoquem principalmente elementos do subúrbio carioca, como o chão de caquinhos, o piso de vermelhão e de cimento queimado, por exemplo. A partir disso, explorando como esses elementos se transfiguram e se relacionam com a casa e o corpo no que seria o espaço de um cômodo, aqui, a sala expositiva em questão.

“Tem sido interessante acompanhar a trajetória de Ana Hortides. A ideia de casa sempre apareceu em sua produção, mas anteriormente mais atrelada à fotografia e a uma noção mais ficcional de memória. Nesta exposição e no seu trabalho desenvolvido nos últimos anos, tenho a impressão de que o lado escultora de Hortides tem surgido de forma mais clara. Mais do que isso, creio que a inteligência com a qual ela lida com o espaço expositivo se faz visível; não se trata de ocupar todos os espaços de forma a não deixar respiro para o espectador, mas sim de jogar de maneira cirúrgica com a arquitetura e com a escala dos trabalhos. Como esta exposição nos ensina, talvez menos seja mais e é nos detalhes dos objetos, das texturas e dos cacos dos cantos de nossas casas que as memórias mais ardilosas e/ou saborosas nascem” – Raphael Fonseca, curador.

As suas esculturas, que poderemos ver na mostra, têm se tornado cada vez mais uma metáfora dessa casa, ganhando autonomia ao passo que os caquinhos se transformam na prateleira de canto da cozinha que segura o filtro de barro, ou numa “criatura”, como nomeia a artista, que se projeta sobre o chão; o piso de vermelhão muito comum em casas mais simples de áreas periféricas vem impregnar as telas sendo sua tinta e se estendendo em instalações que ora se apresentam como grandes cortinas ora como tapetes que se prostram sobre o piso.

Ana Hortides conta – “Hoje eu sinto que ao longo do meu processo de trabalho e pesquisa em arte, percorri o espaço da casa tanto como quem observa quanto como quem habita. Experimentei materiais e fui da fotografia à escultura, sempre partindo da experimentação e do que esse espaço me provia. Percebo que o trabalho no decorrer desses anos amadureceu e abordou algumas questões como a fragilidade do morar, as relações interpessoais, o processo da construção da identidade, o espaço do trabalho não remunerado da mulher, a sua sexualidade e as tensões do viver junto. A mostra Cômodo veio se delineando para mim como uma tentativa de pensar os espaços da casa em certa convergência, se relacionando com as obras e se apresentando como cômodos às avessas.”

A exposição prevê uma visita guiada com a artista na ocasião da sua abertura, a produção de um catálogo e a realização de uma oficina gratuita, com atividades dirigidas pela artista para crianças de escolas públicas da região, prevista para o mês de agosto. Buscando, desse modo, contribuir para a formação de público e democratização do acesso à produção artística contemporânea. Além disso, o projeto propõe promover a acessibilidade por meio da produção de um vídeo de cerca de 30 minutos sobre a produção da artista, com depoimentos, imagens de obras e processos artísticos que serão legendados para o acesso e fruição do público surdo. O conteúdo será disponibilizado gratuitamente on-line.

Sobre a artista:

Ana Hortides tem formação em Artes pela Escola de Artes Visuais do Parque Lage, Rio de Janeiro. Participou da Residência Pivô Arte Pesquisa, São Paulo, 2022. Artista indicada ao Prêmio PIPA, 2021. Finalista do Concurso Garimpo da Revista DASartes, 2018. Recebeu o prêmio aquisição do 36º Salão de  Artes  Plásticas  de  Jacarezinho, Paraná, 2021, e do 1º Salão de Artes em Pequenos Formatos do Museu de Arte de Britânia, Goiás, 2019. O seu trabalho integra a coleção do Museu de Arte do Rio e de coleções particulares.

Serviço: 

Ana Hortides – Cômodo

Curadoria: Raphael Fonseca

Local: SESC SÃO JOÃO DE MERITI | GALERIA DE ARTE.

Av. Automóvel Clube, 66 – Centro, São João de Meriti – RJ, 25515-126.

Abertura: dia 3 de junho, sábado, com bate-papo e visita guiada com a artista, às 15h.

Data: de 3 de junho a 3 de setembro de 2023. De terça a sexta-feira das 08h às 20h; sábado das 8h às 17h e domingos e feriados das 8h30min às 17h30min.

Fale com a gente: (21) 4020-2101 de segunda a sexta-feira, das 9h às 19h, exceto em feriados nacionais.

E-mail: falecomagente@sescrio.org.br

https://www.sescrio.org.br

Classificação etária: Livre

Saiba mais sobre a artista:

www.instagram.com/anahortides

www.anahortides.com