ARTES VISUAIS

Por CWeA Comunicação

 

O aclamado multiartista, que desde os anos 1970 transita nas artes visuais, música e publicações, mostra obras inéditas produzidas ao longo de sua trajetória, a partir de sua série de trabalhos Índios Extintos”, de 1989, em alusão a povos e aldeias dizimadas e desaparecidas em nosso processo de colonização. Texto crítico de Alberto Saraiva.

 

Centro Cultural do Patrimônio Paço Imperial, Rio de Janeiro

Abertura: 30 de novembro de 2022, das 12h às 18h

Até: 12 de fevereiro de 2023

Curadoria: Ricardo Ventura e Xico Chaves

Texto crítico: Alberto Saraiva

Entrada gratuita

 

O Centro Cultural do Patrimônio Paço Imperial apresenta a partir de 30 de novembro de 2022, das 12h às 18h, a exposição “Trama/objeto pintura”, com obras inéditas de Xico Chaves de diversos períodos, a partir de sua série de trabalhos “Índios Extintos”, de 1989, em alusão a povos e aldeias dizimadas e desaparecidas em nosso processo de colonização. A exposição vai ocupar o Terreirinho do Paço, no térreo. A curadoria é de Ricardo Ventura e do artista, e o texto crítico é de Alberto Saraiva

As obras de “Trama/objeto pintura” abrangem pinturas com pigmentos minerais sobre papéis artesanais e industriais, objetos em madeira, objetos-pinturas em vários materiais. Para o artista, esses trabalhos procuram “relacionar a sobrevivência humana à natureza, à generosidade e diversidade de suas frutas, seres, etnias, animais, árvores, águas, geografias, nomes indígenas, lugares míticos e originais, seres imateriais e mágicos, idiomas, pinturas corporais, expressões imaginárias faciais, fisionomias reais e simbólicas, naturezas mortas e vivas, trançados, abstrações geométricas, abstrações informais e expressões figurativas – quatiara, abará-guassu jepê, kuarup, ybiará, abá-aguassay angëera apyreima, o, ojoyrunamo, nimbo mopoquytã, endyaba, ybyará, yby-yby emytima, ataúba, pyýi-pytuúra, aranairin… cabeças juntas, frutas, tramas, almas infinitas, pendurar, nós, jardim suspenso, madeira, flecha, pedra, vento, ferro, fogo, tempo…”. 

Em todos esses objetos, pinturas e tramas espaciais predomina a utilização de pigmentos em óxidos de ferro, cobre, grafite, fibras vegetais, pedras brutas de várias regiões do país, cordões de algodão e sisal, sementes, minérios e minerais que produzem luminosidade, texturas, refração, difração e reflexão de luz, resultando em leituras surpreendentes na coloração e sua materialidade e aplicação. 

A exposição faz uma síntese de séries intercalares de obras nunca mostradas, como pequenas coleções de grupos variados de linguagens concebidas e concluídas em diferentes momentos de pinturas anteriores e simultâneas já expostas

Alberto Saraiva em seu texto crítico escreve que “Xico cria uma mitologia pessoal baseada na sua imersão nas culturas indígenas junto a pajés, caciques e indigenistas conhecidos seus, como o Cacique Raoni, Nunes Pereira e Darcy Ribeiro, Sapaim Kamayurá, Hermenegildo, Rafael Bastos dentre outros. Ele vem do sertão de Minas, onde descobriu com sua mãe Stella e sua avó Maria Augusta (descendentes de Kaiapós e italianos) a matéria dos minérios, o que provocou em sua vida uma impressão cujo corpo é o corpo da terra, do planeta. Seu pai fora trabalhar no Amazonas, de onde enviava objetos indígenas para a família, como arco e flecha, cocares e cerâmicas. Isso foi o suficiente para que Xico, ainda criança, ficasse imbuído de uma visão de mundo formada integralmente por culturas indígenas que ele absorve do lugar ‘mágico’ aonde seu pai habitava naquele momento: para o menino, um plano mitológico no qual via os indígenas como seus irmãos e mais tarde como sua herança identitária”.

As obras já mostradas anteriormente – sobre telas, papéis, pet, acetatos, instalações, intervenções, performances, cimento, poliuretano e poliestireno expandidos, objetos e suportes diversos além de outras proposições materiais e imateriais – , em exposições individuais e coletivas, ao longo desta travessia desde os anos 1970 formam a base referencial para esta mostra. “Trama/objeto pintura/Xico Chaves” é ainda uma das possíveis abordagens poéticas do processo criativo e livre-associativo do artista em sua extensa trajetória múltipla e diversificada, onde o tempo se expande entre o espaço da simultaneidade e da atemporalidade. Onde o que é contemporâneo é mesmo agora, atemporal, memória e impermanência.

“Trama/objeto pintura/ Xico Chaves” será uma exposição em processo com uma estrutura básica fixa e outra em movimento, com obras e montagem em transição e substituições ao longo do período expositivo. Durante o período da exposição, a partir de dezembro, Xico Chaves irá fazer diálogos, microperformances e intervenções com convidados e o público.

SOBRE XICO CHAVES

Xico Chaves nasceu em Tiros, Minas, e vive no Rio de Janeiro. Formado em Artes e Ciência da Comunicação pela Universidade de Brasília e Centro Universitário de Brasília,  com Notório Saber em Artes Visuais pela Universidade de Brasília (UnB), é artista visual, poeta e mediador cultural, radicado no Rio de Janeiro. 

Desenvolve seu trabalho pictórico através de séries temáticas e conceituais. A partir de diversas expedições ao Quadrilátero Ferrífero em Minas Gerais e outras regiões do Brasil, toda a pintura do artista, desde as mais antigas, como as da série “Luzz” (1970), às mais recentes, como as da série “Tramas XL” (2018), é produzida com minerais, pigmentos naturais e resina acrílica, sendo esta a principal referência do artista no campo das artes visuais contemporâneas. A criação de objetos poéticos e espaciais está presente desde o início de sua pesquisa, desta forma, são intercalados entre as diversas séries pictóricas. Sua temática compreende três grandes eixos: vida, arte e política.

O interesse pela experimentação permanente de linguagens e meios técnicos para expressão artística tornou Xico Chaves reconhecido internacionalmente como artista múltiplo, possuindo em sua trajetória além de pinturas e objetos, performances, poemas-processo, vídeos-arte, fotografias e registros nos campos da poesia, música popular e experimental.

Ficha técnica

Concepção, organização, apoio curatorial, seleção de obras, instalação, pesquisa, montagem e museografia – Ricardo Ventura e Xico Chaves

Assessoria geral, flyer, programação visual e monitoria – Carolina Leal

Fotografia – Lena Trindade e Andrea Marques

Agradecimentos especiais (sonorização digital, apoio) – Elza Maria

Apoio logístico e divulgação: Galeria Movimento Arte Contemporânea

Galeria Movimento Arte Contemporânea

Diretor – Ricardo Kimaid

Gerente artística – Érika Nascimento

Comunicação – Maria Dantas

Serviço: Exposição “Trama/objeto pintura/Xico Chaves”

Abertura: 30 de novembro de 2022, das 12h às 18h

Até: 12 de fevereiro de 2023

Paço Imperial
Praça XV de Novembro, 48, Centro, Rio de Janeiro
Entrada gratuita

Terça a sábado e feriados, das 12h às 17h
55 21 2215 2093 

Email: ccpi@iphan.gov.br
https://www.gov.br/iphan/pt-br/unidades-especiais/centro-cultural-paco-imperial

Bistrô do Paço – segunda a sexta, das 11h às 19h30; sábados, domingos e feriados, das 12h às 19h
Restaurante Arlequim – segunda a sexta, das 10h às 20h; sábados, domingos e feriados, das 10h às 18h