ARTES VISUAIS

Por CWeA Comunicação 

 

Rosana Palazyan, Waltercio Caldas, Paulo Vivacqua, Yolanda Freire, Evangelina Seiler, Lilian Zaremba e Pedro Lago, entre outros convidados, estarão na programação gratuita de conversas, performances e filmes de artistas, entre 27 de outubro e 17 de novembro de 2022, sempre às quintas-feiras, às 19h

 

 

Anita Schwartz Galeria de Arte, Baixo Gávea, Rio 

27 de outubro a 17 de novembro de 2022

Entrada gratuita

 

Anita Schwartz Galeria de Arte fará quatro eventos gratuitos, sempre às quintas-feiras, às 19h, com conversas, performances e filmes de artistas em torno da exposição “Klangfarbenmelodie: melodia de timbres”, que foi prorrogada até o dia 19 de novembro de 2022.

Do dia 27 de outubro a 17 de novembro de 2022, participarão da programação Rosana Palazyan, Waltercio Caldas, Paulo Vivacqua, Yolanda Freire – artistas que têm obras na exposição –, Evangelina Seiler, Lilian Zaremba e Pedro Lago, entre outros convidados.

No dia 17 de novembro, será realizado um recital de poesia concreta com Pedro Lago e convidados em homenagem à publicação “Poetamenos” (1953), um conjunto de poemas de Augusto de Campos (1931), considerado um dos precursores do concretismo no Brasil.Pedro Lago, poeta, editor e performer é presença confirmada para dar voz às poesias de autores desde Augusto de Campos e seu irmão Haroldo de Campos, até Arnaldo Antunes, passando por Décio Pignatari, Wlademir Dias-Pino, Ferreira Gullar e Paulo Leminski. Nesta atividade, por ser sujeita a lotação, recomenda-se inscrição prévia pelo telefone 21.2274.3873.

 

A programação é:

27 de outubro – Conversa com a artista Yolanda Freyre e a projeção de seu filme “A Hortência e a Galinha: luto e vida”;

03 de novembro – Conversa entre os artistas Waltércio CaldasPaulo Vivacqua e a roteirista, artista e pesquisadora radiofônica Lilian Zaremba;

10 de novembro – Conversa da curadora e consultora de arte Evangelina Seiler com a artista Rosana Palazyan sobre seu trabalho;

17 de novembro – Recital de poesia concreta com Pedro Lago e convidados. Recomenda-se a inscrição prévia pelo telefone (21) 2274-3873.

 

“POETAMENOS” E “KLANGFARBENMELODIE: MELODIA DE TIMBRES”

“Poetamenos” –que pode ser vista na galeria – é a obra que fundamenta a exposição “Klangfarbenmelodie: melodia de timbres”,com a apropriação feita por Augusto de Campos do conceito da técnica musical inaugurada por Arnold Schoenberg(1874-1951) em 1911, em que a coloração, a tessitura orquestral (os diversos timbres dos instrumentos) são usadas para compor uma linha melódica, horizontal, serial, vazada de silêncios e intervalos, e não mais sobreposta dentro de uma harmonia, rompendo assim com o sistema tonal vigente.

No início da década de 1950, Augusto de Campos visitou o conceito da “Klangfarbenmelodie” de Schoenberg, e cria uma transcrição intersemiótica, inaugurando novas relações e procedimentos na construção e apresentação da poesia. Ao propor uma leitura de múltiplas vozes e cores, Camposcria o “Poetamenos”, publicação que em 2023 completará 70 anos. 

A exposição “Klangfarbenmelodie: melodia de timbres” apresenta obras de Lenora de Barros, Waltercio Caldas, Augusto de Campos, Yolanda Freyre, Cristiano Lenhardt, Antonio Manuel, Rosana Palazyan e Paulo Vivacqua.

 

Serviço: Encontros na Exposição “Klangfarbenmelodie – Melodia de timbres”

27 de outubro a 17 de novembro de 2022
Exposição prorrogada até 19 de novembro de 2022

Entrada gratuita

Anita Schwartz Galeria de Arte

Rua José Roberto Macedo Soares, 30, Gávea, 22470-100, Rio de Janeiro

Telefones: 21.2274.3873 e 2540.6446

Segunda a sexta, das 10h às 19h, e aos sábados das 12h às 18h

www.anitaschwartz.com.br

 

MINIBIO DE ARTISTAS E CONVIDADOS

Programação Klangfarbenmelodie: melodia de timbres

Rosana Palazyan

Rosana Palazyan (1963, Rio de Janeiro, RJ). Artista visual. Forma-se em aquitetura pela Universidade Gama Filho. Entre 1988 e 1992, frequenta os cursos da Escola de Artes Visuais do Parque Lage (EVA/Parque Lage). A partir de 1989, começa a utilizar o bordado em suas obras. Em 2000, na Escola João Luiz Alves, instituição dedicada a recuperação de menores infratores, realiza pesquisa e desenvolve projetos de arte em co-autoria com os meninos dessa instituição, resultando a instalação Estrela Cadente e o stand Roupa de Marca na Babilônia Feira Hype.

Evangelina Seiler 

Evangelina Seiler é curadora e consultora de arte. Atuou como curadora das exposições Chantal Akerman Tempo expandido (2018), Victor Matina Antes do Forum (2017) e Rosangela Renno Espirito de tudo (2016). Foi diretora da Casa França-Brasil no Rio de Janeiro entre 2009 e 2014, onde projetou uma programação voltada para cultura contemporânea com foco em grandes instalações, além de iniciativas de moda, música, design, arquitetura e gastronomia. Em 2007, foi co-curadora da exposição Mão Dupla no SECS Pinheiros e curadora da exposição Espelhos – reflexos/reflexões na galeria Marilia Razuk, ambos em São Paulo. Antes disso, atuou como curadora da exposição Espaço Urbano X Natureza Intrínseca, Espace Topographie de l’art, em Paris (2005). Evangelina foi curadora de exposições e projetos sobre arte e reflexão da arte brasileira em Porto Alegre, Curitiba, Belo Horizonte, Recife, Rio de Janeiro e São Paulo entre 2000 e 2005. Entre 1989 e 1996, trabalhou no Centro de Arte Contemporânea de Genebra, Suíça, onde realizou a curadoria de exposições como a de Waltércio Caldas (1995) e da artista Jac Leirner (1993).

Desde 2018 é Senior Fellow do CEBRI, Centro Brasileiro de Relações Internacionais onde coordena o núcleo de cultura e relações internacionais.

Waltercio Caldas, artista-curador da 33a Bienal de São Paulo. 09/10/2017. © Pedro Ivo Trasferetti / Fundação Bienal de São Paulo

Waltércio Caldas

Waltércio Caldas (1946, Rio de Janeiro, RJ), Vive e trabalha no Rio de Janeiro.

Escultor, desenhista, artista gráfico, cenógrafo. Waltércio Caldas estudou pintura com Ivan Serpa no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro – MAM/RJ. Entre 1969 e 1975, realiza desenhos, objetos e fotografias de caráter conceitual. Na década de 1970 é co-editor da revista Malasartes, participa da publicação A Parte do Fogo e publica com Carlos Zílio (1944), Ronaldo Brito (1949) e José Resende (1945) o artigo O Boom, o Pós-Boom, o Dis-Boom, no jornal Opinião. Em 1969, realiza os Condutores de Percepção, trabalho chave em sua carreira. Inicia obras a partir da inserção de objetos rotineiros em estojos bem-cuidados com uma plaqueta onde se lê o nome do trabalho, elemento definidor da sua trajetória.  Em 1971, participa do Salão de Verão, no MAM, Rio de Janeiro – onde exibe três objetos-caixas montados na sua primeira individual e obtém excelente resposta de crítica, do público e do mercado. Em 1979, sua produção é analisada no livro Aparelhos, primeiro livro sobre o conjunto de sua obra, e Ronaldo Brito comenta: “O que lhe interessa é a produção de um clic que provoque no espectador um momento de desorientação psíquica. A arte, dessa maneira, é muito menos objeto de contemplação do que uma forma ativa de veicular um pensamento, de produzir uma crise nos hábitos mentais do espectador”.

 Recebe, em 1993, o Prêmio Mário Pedrosa, da Associação Brasileira de Críticos de Arte – ABCA, por mostra individual realizada no Museu Nacional de Belas Artes – MNBA, no Rio de Janeiro. Em 1978, o artista produz Talco sobre livro ilustrado de Henri Matisse, Convite ao raciocínio, Aparelho de arte, Prato comum com elásticos, Tubo de ferro / Copo de leite e A experiência Mondrian. Em 1996, lança a obra O Livro Velázquez e realiza a mostra individual Anotações 1969/1996, no Paço Imperial, Rio de Janeiro, apresentando pela primeira vez cadernos de estudos. Em 1985, Caldas muda-se para Nova Iorque e elabora a obra Escultura para todos os materiais não-transparentes, que se multiplica em diversos pares de semi-esferas, diferentes tamanhos e materiais (madeira, granito, mármore etc.), trabalho de uma constante expansão, que se funde com o ar. Integra, o “Panorama de arte atual brasileira – Formas tridimensionais”, no Museu de Arte Moderna de São Paulo. Em 1989, instala a sua primeira escultura pública: O Jardim Instantâneo no Parque do Carmo, em São Paulo e cinco anos depois produz outra peça em espaço aberto: Omkring, na Noruega. 

Em 1993, realiza a exposição individual “O ar mais próximo”, no Museu Nacional de Belas Artes, Rio de janeiro. A galeria do museu foi ocupada com finas, rarefeitas e sinuosas linhas de lã coloridas que pendiam do teto, configurando a exposição mais radical do artista na questão dos limites entre o visível e o invisível, questão recorrente de uma obra que repropõe o “ar” como “corpo”. Aqui, Waltércio radicaliza igualmente a improbabilidade fotográfica de suas peças, que se esquivam, da reprodução. A exposição recebe Prêmio Mário Pedrosa, conferido pela Associação de Críticos de Arte. Em 1996, realiza o monumento Escultura para o Rio, no centro do Rio de Janeiro, onde se evidencia a sutileza conceitual que sempre caracterizou a poética de seu trabalho, aliada a uma capacidade de mobilização de espaço público.  Waltercio provoca essa tensão e extrai força da ambiguidade entre o que é que é arte e o que não é, quando é e quando deixa de ser. Suas questões provocam um estado de suspensão, desmontam a certeza da experiência, deslocam o espectador para uma posição inquietante, onde a percepção visual ativa o pensamento. Relação conflitante deflagrada pelo cálculo preciso e parcimonioso de meios, limpidez de formas, elegância que contrasta com o inacabamento ou a virtualidade que também sugerem. Aliando inteligência formal e jogos provocativos, Waltercio Caldas gera interrogações sutis para cada espectador, ensinando a ver e pensar para além do que hábito do olhar nos ensina.

 

Paulo Vivacqua

Paulo Vivacqua (1971, Vitória, ES). Com formação em música contemporânea, piano e composição, escrita e eletroacústica, o artista elabora sua poética a partir de uma investigação crítica e experimental entre o cruzamento das linguagens sonora, visual e textual. Suas esculturas, objetos, instalações e ambientes sonoros ativam novas percepções do espaço como paisagens temporárias e imaginárias.

Dispositivos visuais e sonoros localizados estrategicamente no espaço indicam caminhos em um lugar vazio, ao longo do espaço e do tempo, como em uma composição aberta, de múltiplas entradas e saídas, de acordo com a complexidade das camadas sonoras. Ambientes imersivos onde o dispositivo utilizado e seu entorno, sujeito e obra se complementam. Suas esculturas e objetos operam neste cruzamento entre a fisicalidade dos materiais e suas formas plásticas e visuais, com sons e silêncios, determinados ou não. Um som leva a um pensamento ou imagem interior que, por sua vez, evoca uma atmosfera, uma sonoridade.

Atualmente, o artista tem aprofundado essa interdependência entre os domínios plástico, sonoro e linguístico. Alguns trabalhos trazem materiais acústicos relacionados funcionalmente com a produção do som; equipamentos como vidro, plástico, luz fria, alto falantes, dispositivos eletrônicos, granito ou metal, espelhos, entre outros. Elementos totalmente “desfuncionalizados”, servindo apenas como dispositivo mental para a imaginação de um som ou a pura expectativa de qualquer coisa que venha a soar ou mesmo, falar [“Palavras Cruzadas”, Arte e Patrimônio, Paço Imperial, Rio de Janeiro, RJ, 2008], [“Interpretação”, 30ª Bienal de São Paulo, SP, 2012]. O processo intelectual de Paulo Vivacqua desafia o espectador a questionar e renovar ideias preconcebidas sobre escultura através da interseção desses campos que desvelam que a música é a escultura invisível, par excellence. 

Lilian Zaremba 

artista visual, artista de rádio, roteirista e produtora de arte radiofônica, investigadora com doutorado em teorias da comunicação, atua desde 1997 com trabalhos que exploram diferentes aspectos da linguagem e da radio difusão sonora associados às artes sonoras. Mestrado e Doutorado em Comunicação e Cultura pela Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro ECO-UFRJ, defendendo teses (mestrado em 1997 e doutorado em 2001) sobre arte e comunicação radiofônica.

Yolanda Freyre

Yolanda Freyre (1940, São Luís, MA). Vive e trabalha no Rio de Janeiro, Brasil. Em 1967, a artista mudou-se para o Rio de Janeiro para iniciar a psicanálise, e também sua formação artística. Formada em Museologia pela Universidade do Rio de Janeiro e Pós-graduada em Teoria da Arte pela UERJ. Estudou gravura, xilogravura na Escolinha de Arte do Brasil. A partir de 1978 teve aulas na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, onde estudou com Lygia Pape (1927–2004). Cursou École National e Supérieure des Beaux-Arts e o Centro de Artes Saint-Charles (Sorbonne, Paris).  Participou de Bienais Internacionais e Salões; expôs individualmente em importantes galerias e instituições como Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Museu Nacional de Belas Artes e na Europa, em galerias de diversas cidades, tais como Trento, Gênova, Brescia, Montpelier e Londres e participou de diversas exposições coletivas, tais como “Terra a vista – 500 anos Brasil” (Galerie Debret, Paris); “Identity” The Brazilian-American Cultural Institute, Washington, DC, EUA). 

A prática de Yolanda Freyre concentra-se em temas sociais e na representação do Nordeste brasileiro. As sessões psicanalíticas de Freyre a levaram a produzir desenhos em nanquim inspirados em um imaginário pessoal da infância. Teve contato com Ivan Serpa, que a incentivou a desenvolver seu trabalho de desenho e pintura. Em meados da década de 1970, diante da repressão da ditadura militar brasileira, começou a abordar temáticas ligadas à violência em seu trabalho; encenou marchas e intervenções, inicialmente em espaços públicos, e depois performances para públicos seletos.

O processo artístico de Yolanda Freyre deve ser entendido organicamente.  Em um primeiro momento caracteriza-se por pinturas e performances ritualizadas. Em um segundo momento, a artista desenvolve a pesquisa de quantificação da cor/luz. Então, passa a abstrair a cor para melhor evidenciar a matéria, depois substitui a densidade da matéria por uma profundidade, resultado de superposições de veladuras. No momento atual apresenta uma abertura de rituais para ações, instalações e performances sem abandonar a pintura na qual passa a utilizar novos suportes. Desenvolve práticas artísticas escultóricas em concreto, orientadas por um interesse em geometria. A partir da década de 1990, o seu trabalho volta-se para temas como a maternidade, a domesticidade, vivência e memória. Em 2006, publicou o livro ‘O Espelho do Artista’, uma reflexão sobre a descoberta interior do artista paralelamente ao seu processo pessoal de produção. 

Pedro Lago

Pedro Lago (1981, Rio de Janeiro, RJ). Poeta e editor. Publicou os livros de poemas: Corpo Aberto (Ibis Libris, 2010), Saci (CartoneraCaraatapa,2013), Cortejo (Dantes Editora, 2014), Roma Canudos Radial Oeste (7Letras, 2015), Corvo (Edição do autor, 2016), Travessia (Edição do autor, 2017), Corsário (Dantes Editora, 2018), Cortosy Elegidos (Lima Lee, 2020) e Petrushka (Navezona, 2022).

Junto com o poeta Pedro Rocha é editor da NAVEZONA – Selo Gráfico em Movimento.