OPINIÃO

Por Leonel Kimus

 

Essa imaginação educada da democracia ao estilo ocidental de fixação de filiais de multinacionais americanas sugando recursos naturais como morcego, ou melhor, sugando o sangue do terceiro mundo representa de forma clara e enfática o neoliberalismo que a ordem atual se recusa a abandonar. Engraçado ou irônico, o problema atual é o morcego, o problema é dizer quem é o morcego. Acho que o leitor sabe.

O morcego, numa analogia ao vírus chinês não menciona os outros morcegos que drenam recursos de cada país de terceiro mundo através de remessa de divisas de empresas americanas para o próprio EUA. Isso traduz muito bem o espírito dessa babilônia em constante guerra interna e externa. E vale pontuar um detalhe, as empresas se instalam nos países, drenam seus recursos com a moeda que é impressa pelo Federal Reserve.

Ou seja, é bom imprimir dinheiro e depois comprar parte do mundo, afinal, o dólar é o ouro desde Bretton Woods.

Vítimas de suas próprias expressões, vítimas de suas próprias intenções, o Oriente nunca pode dizer não. Pequenas mentiras na formatação das notícias ocidentais trazem ao senso comum a briga do bem contra o mal. Midiatismo ou a origem do problema está no financiamento que as mesmas corporações que vendem refrigerante no jornal das 9 são as mesmas que financiam o jornal das 9 de cada país Europeu e americano por consequências e interesses óbvios. O desenho da cultura, da moda, da religião Coach do materialismo e individualismo fica por conta do patrocínio de imposição cultural norte-americana. Mas a novela, a novela brasileira distrai e isso tudo é teoria de comunista né? O que importa é o cidadão de bem.

Diante dos atuais acontecimentos desse marcante ano de 2022 e a guerra Ucraniana, é importante perceber a gênese do problema.

A expansão da OTAN, com a consequente mobilização de sua infraestrutura militar para as fronteiras russas desde o pós-guerra tem-se intensificado, mesmo com os protestos Russos e as preocupações do Eixo China-Rússia, o novo pacto de Varsóvia. 3 décadas após o colapso da URSS os antigos países do leste europeu foram substituídos por uma poderosa China. O que o ocidente impõe de sanções, a China contribui com liquidez para a Rússia. O novo Pacto de Varsóvia é menos impositivo e mais complementar. A Rússia tem a tecnologia militar, aeroespacial e os recursos naturais que a China precisa e a China tem tudo que as sanções do ocidente tentam congelar da Rússia. É uma relação de almas que se complementam.

Após o colapso Soviético, a República Tcheca e a Eslováquia, além dos países Bálticos se aliaram a OTAN como o objetivo claro do expansionismo em direção ao território russo.

Essa varredura em direção ao oriente tem uma divisa, um algodão de neutralidade que funcionou muito bem até o momento que declarou: ‘‘Quero fazer parte da OTAN’’. Estamos falando da Ucrânia.

O fim de guerra fria nunca foi um fato que se consumou. As guerras por procurações assim chamadas pelos historiadores se intensificaram com a Síria, com os russos apoiando Bashar al Assad e os EUA apoiando as grupos milicianos rebeldes sírios. Além do Estado Islâmico em sua guerra divina de matar todo profano, seja ele de qualquer nação.

O comportamento norte-americano só contribuiu para a anarquia do país sírio.

Já dizia o profeta Isaías no capítulo 10, verso 5 e 6: Ai da Assíria, a vara da minha ira, porque a minha indignação é como bordão nas suas mãos. Enviá-la-ei contra uma nação hipócrita, e contra o povo do meu furor lhe darei ordem, para que lhe roube a presa, e lhe tome o despojo, e o ponha para ser pisado aos pés, como a lama das ruas.“

Realmente a nação hipócrita bateu as portas dessa guerra fria e hoje, sinceramente, o profeta estaria com os cabelos de pé.

As propostas russas foram bem óbvias, tirando-se o fato que a maioria russa no leste ucraniano quer de qualquer jeito ser reconhecido como povo russo. A cultura e o idioma das autoproclamadas repúblicas de Donetsk e Lugansk trazem a tona o problema do redesenhamento da fronteira europeia, fato esse que traz memórias traumáticas. A criação do Euro, que teve como puro objetivo criar condições da Europa não entrar em guerra novamente parece não ser suficiente, porque o leste europeu continua sendo um problema russo e a Europa Oriental e ocidental continua sendo um problema de disputa de influência americana.

A proposta recente era simples, uma Emenda a Constituição garantindo status de neutralidade a Ucrânia. O presidente ucraniano poderia lembrar-se que a proposta é razoável, haja vista que a neutralidade suíça durante o século XX lhe rendeu bons dividendos e não bombas de fragmentação e minas terrestres.

Afinal, meu caro leitor, quem iria se atrever a jogar uma bomba onde está seu cofre e a sua conta bancária?

No entanto Vladimir preferiu tirar fotos para uma grande revista norte-americana e fazer espetacularização midiática da guerra. Afinal, colocar a roupa do Rambo como naquele filme do Rocky Balboa IV, na luta contra o russo antipático parece que fica mais bonito do Instagram enquanto seu povo é carbonizado, amputado e passa fome, além da destruição de uma civilização como uma todo.

Um pouco de sensatez e reconhecimento étnico é razoável para evitar uma catástrofe humanitária. Afinal, quem desejaria ter várias ogivas nucleares apontadas para a sua casa por mero capricho ocidental?

Quem aceitaria viver com o vizinho apontando uma arma para o seu terreno durante todo o dia?

É assim que o fato se sucede, mas, a grande mídia, eis a raiz dos males. Onde a mídia irá explicar as razões do conflito ao invés do resultado policiamente correto?

Acredito que a vida passa rápido. Convivemos com a falta de união entre os povos desde a Idade Antiga. No entanto, a solidariedade, a união e o amor tem a mágica de parar o tempo. Talvez essa utopia seja impossível de construir. No entanto, não estamos todos no mesmo barco ?

Leonel Kimus Esteves é advogado inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional do Rio de Janeiro. Gosta de História, Política e de falar o que pensa. Sobre sua ideologia, já dizia o poeta Cazuza: “Ideologia, eu procuro uma pra viver.“